Olhem, o Mundo.
O meu saco de praia é belo e tive o cuidado de adquirir um de boa marca, assaz dispendioso, para que aguentasse todo o peso que carrega. Cansei das ofertas dos perfumes e das revistas, que levavam a minha carga durante cerca de duas idas à praia, logo se rasgando como papel molhado. Este, ao menos, está para durar, e já vai no terceiro Verão.
Lá dentro:
1. A inevitável toalha, muito, muito fininha e levezinha, que fica irremediavelmente encharcada ao primeiro banho, mas ao menos não me contribui para a marreca;
2. Uma almofada deliciosamente macia, leve e impermeável. A pessoa humana precisa de recostar a cervical sem ter que fazer montinhos na areia como se fosse a criança que se sente, mas que não é;
3. Uma bolsa com protectores solares para a cara, para o corpo (ambos factor 50, porque já não tenho 30 anos e, se calhar, também já não 15), para o cabelo;
4. Ainda uma enorme bolsa, com várias outras bolsas dentro: para os óculos de sol, que uso exclusivamente à chegada e à saída do areal (por questões de anti-bronzeado da neve), outra para a máscara (que levo por precaução, ele é uma ida ao bar, ele é uma abordagem à casinha), outra para o mp-3 (muito útil quando nos enfadamos do beca-beca da vizinhança) e telemóvel, outra para os documentos e cartões, um porta-moedas, e, à solta, na maior, chaves de casa, do carro, bâton protector (os meus lábios bronzeiam de uma forma absurda), espelho (porque partículas me invadem os olhos amiúde) e montanhas de elásticos, fitas e ganchos para o cabelo (que não uso, mas temo precisar e não ter ali à mão);
5. A minha garrafa de água, que é de longe a garrafa mais bonita do mundo (azul com malmequeres), mas pesa os cornos. Tem capacidade para 750 mililitros, e, cheia, pesa 1,250 quilos, ora fazei as matemáticas ao objecto;
6. Uma coisa qualquer para mastigar, geralmente um pão de sementes com queijo e tomate, que é para me fazer as vezes de almoço e poder ranger os dentes com muita propriedade cada vez que passa por mim (de dois em dois minutos) um vendedor de bolas de Berlim;
7. Um António qualquer dos meus. Ontem acabei o “Segundo livro de crónicas”, hoje comecei “Aquela que está sentada no escuro à minha espera”;
8. Um jornal de papel, designadamente para fazer sudoku;
Alombo igualmente (estes já com ajudas):
9. Um guarda-sol, que os colmos estão pela hora da morte e estão espetados a uma tal distância do mar que me obrigariam a decidir entre queimar as plantas ou calçar o chinelo (sim, porque a hipótese de correr entre corpos descascados arrebataria a réstia da minha dignidade);
10. Uma cadeirinha tão pequenina, para quando quero ler de barriga para cima, mas que me vejo e desejo para me levantar dela, sei lá porquê. Há para ali uma luta entre mim e a gravidade, em que saio sempre vencida, quase tendo que me adernar para o lado, ou gritar por ajuda ao nadador, “Salvador! Salve a tia, que se enterra!”.
Identifiquei-me tanto! :) :)
ResponderEliminarBoas idas à praia e cuide-se.
Beijinhos
Uma pessoa leva uma carga inimaginável, quando aterra no areal só lhe apetece lagartar :D
EliminarEu sou bastante cuidadosa, Esquilinha :)
Beijinhos