Véspera do Dia da Mulher, entro na loja que vende imitações muito razoáveis de perfumes - ou melhor, de águas de colónia, mas essa discussão não é agora para aqui chamada -, para encher dois frascos, ambos para homem.
Mas é assim, esta vendedora de fragrâncias, inebriada pelos alcoóis cheirosos que a envolvem, ébria de horas seguidas dominada pela doce aromática de seu lagar: excessiva, altiva, demasiada. Fiz o que faço sempre, nem mais, nem menos: entrei, desejei boa tarde, disse ao que ia, sem hesitações, sem espinhas, sem inflexões na voz.
Sei que as funcionárias destas adegas são treinadas para vender, impingir, massacrar, vencer pelo cansaço. Esquecem-se é que existem pessoas que treinam igualmente, durante décadas seguidas, a rebater argumentos, a atalhar conversas inúteis, a não se deixar arrastar por estratégias de venda mais ou menos agressivas, enfim, a perder o respeito pelo trabalho delas, por tão invasor do perímetro alheio.
Queria mais de mim, esta vendedora. No entanto, escolheu vários caminhos, todos eles enganados, para me atingir o coração de consumista: por diversas vezes, saiu-lhe um "você", imediatamente corrigido para "a senhora" (chumbaste na formação, não conseguiste retirar Chelas da rapariga); falou sempre dois tons acima do necessário, até que, a certa altura, pensei que ia mesmo começar a gritar-me (Chelas não sai da rapariga); no auge da cena, falou-me de um desconto qualquer porque no dia seguinte era Dia da Mulher (oh, pá, vá lá... Chelas); amuou e passou a tratar-me de modo, aí, sim, brusco, quando percebeu que a minha cena era encher dois frascos lá com o líquido e sair de seguida, vá lá que após pagar (Che-las).
Se calhar, para cada má vendedora, Deus fez uma má compradora, tipo o ditado da panela e da tampa para ela. Eu, então, sirvo na perfeição - ou não - para uma infinidade delas.
Sei que as funcionárias destas adegas são treinadas para vender, impingir, massacrar, vencer pelo cansaço. Esquecem-se é que existem pessoas que treinam igualmente, durante décadas seguidas, a rebater argumentos, a atalhar conversas inúteis, a não se deixar arrastar por estratégias de venda mais ou menos agressivas, enfim, a perder o respeito pelo trabalho delas, por tão invasor do perímetro alheio.
Queria mais de mim, esta vendedora. No entanto, escolheu vários caminhos, todos eles enganados, para me atingir o coração de consumista: por diversas vezes, saiu-lhe um "você", imediatamente corrigido para "a senhora" (chumbaste na formação, não conseguiste retirar Chelas da rapariga); falou sempre dois tons acima do necessário, até que, a certa altura, pensei que ia mesmo começar a gritar-me (Chelas não sai da rapariga); no auge da cena, falou-me de um desconto qualquer porque no dia seguinte era Dia da Mulher (oh, pá, vá lá... Chelas); amuou e passou a tratar-me de modo, aí, sim, brusco, quando percebeu que a minha cena era encher dois frascos lá com o líquido e sair de seguida, vá lá que após pagar (Che-las).
Se calhar, para cada má vendedora, Deus fez uma má compradora, tipo o ditado da panela e da tampa para ela. Eu, então, sirvo na perfeição - ou não - para uma infinidade delas.
LB's challenge rumo aos 3000 chouriços em 6 anos
#jasofaltam9
É horrível mesmo. Não tenho paciência para essa forma de vender ou impingir, e se se esticam muito, salta-me a tampa.
ResponderEliminarBoa noitre, LB
E a perda de tempo a que nos obrigam? Acharão que tirámos o dia para as visitar?
EliminarBoa noite, noname
Tenho imensa pena de como anda o comercio em Portugal. Andam todos num desespero horrivel para vender qualquer coisa, a qualquer preco, porque claramente a sua subsistencia depende deles. Eu quando vou a Portugal estou de ferias, e ate tenho tempo para ver lojas e coscuvilhar e comprar, mas agora ja nem me apetece. Ja so passo, vejo a montra, e sigo, porque se me atrevo a por um pe numa loja ja sei que vou ser mais massacrada que na medina em Tunis quando era alta, loira e esbelta. Tenho mesmo pena. Se calhar sempre foram assim, so que na distancia geografica e nos anos (ja la vao 20 desde que sai de Portugal), eu mudei mais que eles.
ResponderEliminarCondicionam-nos. Então as da Intimissimi/Calzedonia, conseguem que pessoas como eu já evitem lá entrar. Soube há tempos que têm que dar baixa de uma cliente que entre e não compre, o que conta lá para os rankings delas. Ainda ontem entrei e saí, porque há dias em que me apetece ser torta. É uma chaga mesmo agressiva. Mas tudo isto se agravou exponencialmente com a crise económica, que, mesmo passando (?), deixou presentes envenenados deste estilo...
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