28/02/2019

Pessoas que, no whatsapp

... estão online (está lá escrito assim, por baixo da identificação delas: online), nós enviamos uma mensagem, elas não lêem logo, provavelmente porque estão a conversar com outra pessoa, mas depois lêem (aparecem os dois vistos azuis!), e continuam online, mas não respondem. De repente, desatam a responder (aparece lá assim, por baixo da identificação delas: a escrever).
...
...
E param de escrever, mas continuam online...
...
...
e nós não recebemos resposta alguma?
...
E depois ainda desaparecem, Pessoa infoexcluída esteve online hoje, às tantas horas?

O que é? 
Esquecem-se de carregar no enter? 
Não têm o coiso configurado para enviar quando carregam no enter?
Nem para quando carregam na setinha azul?
Arrependem-se?
Têm um colapso e ficam incapacitadas das manitas?
Lembram-se da panela ao lume?
Dá-lhes a cólica?
Morrem?
Distratam-nos porque não têm coragem de nos responder, mesmo que a interpelação seja um simples: "Então, hoje aerobicamos, ou quê?" (True-true, done that.)
Ignoram-nos só porque sei lá, ou porque sim?

Olhem, um abracinho de terror, frio e cru, como o da Mulan, suas mulas.





LB's challenge rumo aos 3000 chouriços em 6 anos
#jasofaltam18

27/02/2019

Do cansaço

É disto que as pessoas falam, não é? 
Vou no 16.º (décimo-sexto) dia seguido (por acaso, até acho que são mais, mas também já perdi a capacidade para os contar), eu repito, seguido, de trabalho, à razão de sete horas diárias, quando não, como hoje, oito e meia. Tendo, como tenho, um trabalho "sazonal", que existe quando há, desorganizo o organismo para estas revoadas laborais, com prazos espartanos, solicitações de milagres e tarefas infazíveis. Ontem dei-me ao luxo de recusar mais trabalho. Atingi todos os limites, ou melhor, ultrapassei, em larga escala, todos eles e mais além. 
É isto de ficar com o corpo todo moído, a cabeça a andar à roda, incapaz de descansar nas horas que me dou para esse efeito? Não será tudo resultado da mesma coisa? (Esta noite sonhei que morri. Fomos bater contra um muro branco que, estupidamente - ou fossem os sonhos espertos -, apareceu, atravessado no meio da estrada. Os airbags insuflaram, eu fiquei de cara voltada na direcção contrária à dele, chamei-o pelo nome, ele não respondeu, e depois comecei numa agonia, a querer vomitar, e devo ter morrido, porque acordei.) (Dei-me mais sete anos de vida, ou quê?) Outro dia fui à dança, mas os ouvidos estavam tão irritados, que até a música me irritou também. Imagine-se uma dançarina irascível, assim era eu. Não tenho comido grande coisa, a não ser merda. Porém, julgo que não emagreci. Sou indiferente à balança e ela um pouco a mim: não emagreço, mas também não engordo. Tenho uma filha fora do país por uma semana, e ainda não consegui panicar o suficiente. Tenho uma outra (ter tantos, opção minha, não precisam de me fazer o desenho) que vai para Angola três semanas daqui a dias, e ainda não morri de susto por antecipação. (Foi vacinar-se, desmaiou - minha querida flor -, e eu preocupada, mas não esfarrapada de angústia.) Não há dúvidas de que o trabalho é uma grande terapia, se não for uma grave doença. Até tive uma espécie de mini dor de cabeça ontem, coisa que já não me acontecia há anos. (Eu sou aquela cabra afortunada a quem nunca dói nada, nem cabeça, nem dentes, nem nada dessas coisas. Mesmo quando vou apertar o aparelho lá ao dentista dos olhos bonitos, tenho assim uma impressãozinha no primeiro e, na loucura, no segundo dia, e depois passa-me logo. Volto a ter a mordida de um Rottweiler, e não se fala mais nisso até ao mês seguinte.) O truque é lavar o cabelo com água fria, de cabeça para baixo. Passa logo. Registem esta, que eu não duro sempre. (O sonho foi muito claro.) Os carecas podem sempre lavar a cabeça. Não tive tempo para ir ao cinema, tão-pouco para ver os Oscars. Também não tenho vagar para o blog, que definha para aqui como um verme deslargado à sua sorte. Estou totalmente fora do Planeta, mas estou bem. Acho.
Cá beijinho.


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#jasofaltam19

23/02/2019

Assim nasce uma estrela

(Se acharem que é spoiler, é não lerem # 11)

É que não é. Ainda não vi o filme. Na verdade, escrevo este post:
1. Porque tenho chouriços para encher até ao dia 5 de Abril, e terão que somar 3000;
2. Porque me apetece.
Mas também, e fundamentalmente, porque, a espaços e amiúde, esta música me povoa as sinapses.
Desconheço completamente a história (e, já agora, não me spoilem a mim), mas também, estou-me nas tintas, porque pretendo ver o filme, nem que vá sozinha (eu e as minhas pipocas insonoras).


(Não percebo que esta Gaga tenha recebido minino Bradley de cuecas.)
(Também não percebo como é que é feita a distribuição lá na criação. A este mocinho não bastava já ser giro que dói, para ainda cantar desta maneira? Não havia necessidade. Por exemplo, minino Ryan Gosling é tão bem apessoado e dança mal que é um mimo. E isso não o faz ficar mais feio.)
(Não percebo o que é que ele vê na Irina, já agora.)


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#jasofaltam20

22/02/2019

o amor também pode ser de barro

Recebi da delicadeza das suas mãos, pelo Natal, a melhor de todas as prendas, a mais preciosa de toda uma já longa vida, vindo mesmo suplantar todas as bonecas, todos os jogos, todas as roupas mais ansiadas: o presépio da casa dos meus pais, que tanto e sempre amei. Um presépio em três peças, um São José e uma Nossa Senhora ajoelhados, ele num transe amoroso, com uma das mãos levantada quase ao nível da cara, ela em contemplação materna de um Menino Jesus gordinho e cabeludo, adormecido numas confortáveis palhas de granito. Por imperdoável ignorância minha, por serem as três peças tão pesadas, por estarem pintadas pelo artista que as assinou com uma tinta granitada, assumi sem pensar que o agora meu presépio era feito de granito, e não de barro, como efectivamente é. 
Porque as saudades matam, porque todos os dias nos morrem os pais, foi por necessidade, egoísmo ou pura vaidade, que mantive o presépio em cima de um móvel desde o Natal, com a intenção de assim ficar todo o ano. Mas a gata mais jovem, mais pesada, mais irrequieta, fez resvalar a Nossa Senhora pelo móvel até ao chão, onde o manto se fez em três bocados e mil cacos. 
De nada adiantaram as minhas lágrimas, choradas julguei eu que às escondidas — porque o pudor, o orgulho, a vergonha e, principalmente, a necessidade de encasulamento me tomam inteira nestas horas —, sufocada por dúvidas, se era melhor colar, se era melhor arranjar um bom restaurador, e ausências várias, se me saberia bem um abraço, mesmo que só um braço por cima do ombro, umas cócegas para me fazer rasgar um sorriso imperfeito, uns beijos nos olhos, cheios de borrões negros. Foi quando ele surgiu com aqueles olhos grandes de amor, retirou a peça da caixa onde eu a deixara e se sumiu assim, qual anjo, voltando pouco depois, com ela colada, as fissuras à mostra, os recantos um pouco desencontrados. E isso, mesmo sem abraço,  sem cócegas, sem beijos nos olhos, fez-me rasgar o tal sorriso imperfeito, e perceber que, se o amor não puder ser de granito, pode muito bem ser de barro, que é tão igualmente indestrutível. 

21/02/2019

Lá porque estou em dieta, não quer dizer que não possa ver o menu

Sinto-me só. Esmagada e mesmo ultrajada por uma solidão que me corrói as vísceras e zonas adjacentes. Ou então, sou uma pioneira.
Ainda não vi por aí em lado nenhum escrito ou dito ou cantado ou suspirado o quão giro é o novo treinador do Benfica. Ai, já não é novo? Então, reformulando: o jovem treinador do Benfica. Ai, também já não é jovem? Sei lá, esse.


Aquilo anda ali entre o George Clooney e outro qualquer, que não identifico, porque sou péssima para nomes e vou sendo cada vez pior para caras. (Parece que os humanos se estão a parecer cada vez mais uns com os outros, de modo que ou acho que conheço toda a gente, ou todas as caras me são estranhas. Alegrias do avançar do tempo, chiu.) Assim preocupado, meio chateado, um nico bruto. Tudo em bom. Sabem aquela noção do pãozinho sem sal? É isso, mas ao contrário: um pão cheio de sal. Com chouriço. Ei, antes que comecem as piadas fáceis, então um pão com bacon. 
Olha, querido, se na remota, porém nunca impossível, leres isto, aqui fica a minha salva de palmadas: és lindo. Só não me casava contigo porque também não é preciso ir lá tão longe. Cá beijinho e xi apertado. PS - Mesmo sem penta, coach.







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#jasofaltam21

16/02/2019

Ainda à propos do Dia dos Namorados

ou talvez não, mas deu-se a coincidência. Quer dizer, não fui no dia 14, mas fui na mesma, o que é que isso interessa? Ando com pouco tempo para escrever, por isso limito-me a vir aqui colocar umas pics da última exposição onde marquei a minha notável presença, que foi Quel Amour!?, no Museu Berardo, verdadeiramente L'Éxposition. No entanto, houve vários momentos em que não percebi muito bem o que é que tinha a ver a bota com a perdigota, que é como quem diz, o que é que tinha o amor a ver com aquilo, mas eu não sou artista, e dei esse factor como explicação a mim mesma. 










Já cá faltava a exibiçãozinha pessoal



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#jasofaltam22

13/02/2019

gente extraordinária/gente comum

Andavam por ali uns rapazes em cima das trotinetes eléctricas, apitando em alarme denunciador de que estavam "fora da aplicação", mesmo em frente da Câmara, são rapazes pensei eu, são rapazes, comentámos nós, só se é rapaz uma vez na vida, digo eu. Antes que desse multa, estacionaram as trotinetes em cima do passeio, uma encostada ao pilar do grande edifício, a outra rigorosamente a meio do passeio, paralela, dividindo-o em dois. As gentes indiferentes, passando por um dos lados, passando pelo outro. E surgiu ela, tão jovem, tão só, acompanhada da sua bengala branca, em cuja extremidade talvez se lhe encontrem os olhos, que os dela não vêem. Fizemos a óbvia previsão de que ela encontraria na trotinete mal estacionada mais um obstáculo, quem sabe se a bengala lho avisaria a tempo de não cair. O meu primeiro pensamento foi o de me dirigir à rapariga, avisá-la e acompanhá-la, talvez dar-lhe o meu braço, não tive muito tempo para pensar em todas as possibilidades, já a minha amiga se afastara numa corrida na direcção da trotinete, a arrastara apesar do peso e dos alarmes para "local seguro" e livrara o passeio daquele entrave. Ficámos ambas a ver a rapariga passar, a bengala dando indicações de caminho livre. E eu fiquei a pensar que a grande diferença entre pessoas excepcionais e pessoas comuns se revela nas mais pequenas coisas, e mais ainda nas maiores. Eu teria ido dar o braço à rapariga, com a discrição possível, é certo, numa atitude de comiseração um nadinha espectacular, para afago do meu ego, escutando-lhe os agradecimentos, comovida, e aproveitando para dar uma pequena lição de vida ao meu público. Ela, simplesmente, resolveu o assunto, indiferente à salva de palmas que nalgum lado fora "daqui" lhe terá sido dada. 
Numa situação limite, as pessoas extraordinárias salvam vidas. As comuns ficam a consolar os aflitos.



LB's challenge rumo aos 3000 chouriços em 6 anos
Assunto demasiado sério para que o considere um "chouriço".
mas #jasofaltam23namesma

12/02/2019

Guia para uma boa ida ao dentista

(Está ao nível de uma ida ao ginecologista, creiam-me.)

1. (Esta é básica, nem devia ter que a escrever. Mas um guia é um guia.) Lava bem os dentes. Vale tudo nesta hora: escova + pasta, fio dental (o tal a que o dentista chama "dentário", para não se confundir com aquela cueca), escovilhão, palito de plástico, elixir, enfim, rebusca todos os cantos e recantos, procura bem, que encontras, mesmo sabendo que ele vai encontrar, nem que seja algo que te nasceu entre dentes entretanto, tipo um espinafre entalado nos dentes da frente;
2. Verifica o nariz: pêlos e cacos e ranho e pingo e muco. Ele vai ver tudo isso em cinemascope, até aos adenóides;
3. (Se fores mulher) Confere o estado de desenvolvimento em que se encontra o buço. Ao mínimo pêlo, zás, se não quiseres passar por ter como profissão a GNR dos anos 70;
4. (Se fores mulher, ou então não) Toma conta da linha das sobrancelhas. Aquela paralela de pelinhos que viram pinça para lá de três semanas, fora;
5. Leva as mãos arranjadas e limpas. Vais mantê-las sobre a barriga por uns largos minutos, vais levá-las à boca in extemis, vais usá-las para socar o dentista prae dolore (e um soco cheio de bactérias...);
6. Leva contigo calçado limpo, solas incluídas. Nada mais achincalhante do que, naquele cenário pós-guerra, deixar marcas na cadeira. Por outro lado, lembra-te que o teu sapatinho ficará em evidência, derivados a tanto cruzar de perna, a tanto elevar de pezinhos aflitos;
7. Se usas maquilhagem, leva contigo um pouco de base. Sais sempre de lá com o bigode e o queixo nus, parecendo que estiveste a beijar na boca sofregamente, e é que não. Fama sem proveito é injusto;
8. Ainda assim, não abuses do rímel: agora os dentistas põem-nos uns óculos à Ruth Marlene, e, se exageramos na tinta preta para as pestanas, deixamos-lhes as lentes um bocado cagadas. Longe vão os tempos em que a água, o ar, a pasta, a cola, no geral todos os produtos que usavam connosco + ferragens, nos podiam vir parar a uma vista;
9. Prepara o espírito para saíres de lá a sorrir, doa o que doer. Literalmente.
10. Não tenho décimo conselho, mas sempre é conta certa.
(Hoje pus brackets azuis, com a expressa advertência de que só não eram vermelhos porque não tenho dez brackets. Fez-me um sorriso verde, mas pronto, foi o que se arranjou.)



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#jasofaltam24

11/02/2019

Vale a pena comprar a revista Visão só para ter o privilégio de ler este Senhor

Imagine-se (até coro, quando penso nisto), que já há vinte e quatro anos que uso aquela expressão,
“é minha, fui eu que a fiz”, por mera coincidência, mas que tão curiosa coincidência!



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#jasofaltam25

09/02/2019

O homem é violento, ou o Homem é violento?

Ando aqui há coisa de uma semana a tentar perceber a mensagem jornalística, a propósito do encadeado de infanticidas que, de repente, nos saltam olhos adentro, e só consigo fazer esta leitura: um homem mata a filha pequena - provavelmente sabendo que iria dar a provar uma provação muito maior à mãe da criança do que se matasse a própria -, o homem é mau. Isto é um incontestável. 
[Já morreram nove mulheres vítimas de violência doméstica, só este ano, e só estamos no segundo mês do ano. A décima só ainda não calhou, mas provavelmente acontecerá antes de o mês acabar.]
[Nove mulheres em quarenta dias, são oitenta e duas mulheres em trezentos e sessenta e cinco dias.]
Nos dias seguintes, povoam as notícias a libertação de Leonor Cipriano, a mulher que, há quinze anos, matou a filha de oito anos e deu o cadáver aos porcos, a audição das gémeas que mataram a recém-nascida de uma delas, a captura da mulher que matou o seu recém-nascido há um ano.
Ora, é óbvio que se trata de coincidências: a primeira não foi libertada agora para fazer jeito aos noticiários, e sim porque cumpriu a maior parte da pena a que foi condenada; as duas irmãs foram ouvidas pelo juiz porque era essa a data marcada para a diligência, com a antecedência que todos sabemos existir; a última não foi capturada agora porque calhou, e sim porque a investigação sobre o seu paradeiro chegou a um ponto óptimo. 
Ainda assim, encanita-me esta subreptícia ideia que, involuntariamente, me assalta, que é: o homem é mau, mas também há mulheres más. Sim, é verdade, todos o sabemos, assim como sabemos que, infelizmente, este tipo de crimes sobre as crianças vai continuar a acontecer enquanto o mundo for mundo e imundo. 
Ou seja, os homens - aqueles homens - são maus; as mulheres - aquelas mulheres - são más. A questão é que aquelas mulheres más não são as mesmas que morrem às mãos daqueles homens maus. No entanto, enquanto passar  a ideia de que "elas têm o que merecem", a este ritmo, facilmente chegaremos ao Natal com as oitenta e duas mortas na estatística.



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Assunto demasiado sério para que o considere um "chouriço".
mas #jasofaltam26namesma

08/02/2019

Quando a dança perde o swing

Veio aos poucos, este desalento. Primeiro, um custo para me vestir para ir dançar, depois, um adiar, um faltar por motivo nenhum ou qualquer um, um ir com esforço - pelas alternativas que ficavam para trás, nem que fosse estender um bocadinho a manhã na cama ao fim de semana -, um ir já com sacrifício, uma vontade de sair a partir de meio da aula, depois a partir do início, um sair com a sensação de que mais valia não ter vindo, e raras, cada vez mais raras, as vezes em que, afinal, ainda bem que vim. 
Um só professor pode fazer toda a diferença. Cansei-me daquela, soube-o no dia em que comecei a frequentar aulas com outros e a parecerem-me todos - mesmo aqueles que antes eram "fracos" - excelentes. 
Para mim, a dança tem que ter lógica geométrica: se fazes quatro passos à direita, é expectável que, de seguida, faças quatro passos à esquerda. Se fazes o passo atrás para a direita, depois esquerda, depois direita, faz sentido que ainda faças um passo atrás à esquerda. Com ela, não: quatro passos à direita, três à esquerda, porque já está noutro passo. A seguir diz que rodes para a direita quando tens o pé direito no ar. Depois, que levantes o braço direito quando fazes passos ao lado para a direita, mas, quando os fazes para a esquerda, que voltes a levantar o braço direito. E tudo aquilo perde a lógica e a magia num passo de mágica, por via de um passo de dança mal dado. 
Tenho pena, porque gosto bastante da professora como pessoa. (É alegre, simpática, boa onda.) Porém, gosto mais ainda de dançar, e, se continuar a ir às aulas dela, provavelmente fico de mãos e pés atados em muito pouco tempo.



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#jasofaltam27

07/02/2019

A menina quer, a menina tem # 2

Foi porque vinha numa viagem de oitenta quilómetros até Lisboa, enquanto passageira (não vão já entrar em pânico pela possibilidade impossível de o fazer ao volante), que, aborrecida e incapaz de estar quieta tanto tempo, me agarrei a Ai-fostes e quis fazer uma encomenda online de algo de que precisava com premência e urgência urgente. No entanto, para tanto, tinha que me inscrever num site, digitar o mail, a pass duas vezes (para confirmar), o que fiz, mas depois parece que a primeira e a segunda versões não coincidiam, portanto, digitei-a quatro vezes, se não me falham nem a memória (essa estúpida) e a matemática (essa esperta), depois houve que fazer login, escolher o item, passá-lo para o carrinho de compras, escolher meio de pagamento, se com, se sem factura, digitar a morada e o código postal, mais o telemóvel, as medidas de busto, cintura e ancas... Mentira, estas três não, não sei por que não, a seguir confirmar o pedido, e aquilo encravou não sei onde nem porquê, toca de repetir a façanha, novo encravanso, eu já um bocadinho indisposta, apesar de ter caído a noite entretanto - e a pessoa nauseia menos quanto menos "cenário" visiona -, ainda repeti tudo, até perder a paciência para o meu esófago, que gritava clemência, piedade e misericórdia, e então pousei a máquina, fechei os olhos e tentei arduamente sair daquele pesadelo de enjoos. Entretanto, chegámos, o carro parou, eu à beira de regurgitar as tripas, e só então, estacionada e, finalmente, quieta, consegui concluir a minha encomenda, pagá-la e, ao que me foi comunicado de seguida, promover o seu envio. 
Era uma alfineteira. Era uma necessidade imediata. Chiu. Deixem-me.

Da Maria Pirosa*
*NMPPI


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#jasofaltam28

06/02/2019

Da espiral à escalada, foi um pulinho. Ou um tirinho?

Desta linguagem dos nossos  jornalistas, quando se referem ao tema Violência, tudo muito punhos de renda, muitas pinças, muitos rodriguinhos, para depois pah! descreverem as cenas mais mórbidas e sórdidas, infelizmente reais. 
Durante muitos anos, utilizaram a expressão "espiral de violência", mas, actualmente, o que está na berra [Haaaaa!] nesse campo, é "escalada de violência". Estou cansada de estudar a morfologia da coisa, e... Mentira, não estudei nada (vou chumbar), só pensei nisso um nico. Dizia eu, que constato a curiosa coincidência entre as duas expressões, em dois pontos: 
1. No uso do prefixo es em ambas;
2. Na ideia de subida que as duas sugerem: "espiral", assumindo que num movimento de ascensão (porque, conforme sabeis, a espiral também desce) (mesmo?), e "escalada", se estivermos a referir-nos à fase da subida (porque tudo o que sobe...).
Agora pergunto: qual é o próximo termo jornalístico para substantivar a violência? Algum que obedeça a estas duas características, do prefixo es e da acepção de ascensão, ou pode ser só um dos dois?
Montanhismo, serve? E salto invertido? Bungee Jumping? Jump
Ou só estirada? Espetada? Esperneada? Escavacada? Esbornegada?
Vou apostar em escadaria, ou escadote. Sempre obedecem às duas “regras”.



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#jasofaltam29


05/02/2019

Empreitadas em que me meto # 2

As costuras e eu, essa relação conflituosa, que acaba sempre com uma de nós magoada.
Acontece-me amiúde arrepender-me de algo, no preciso momento em que estou a fazer, porque já sei que, mais tarde, me vou arrepender. Mas não aprendo, há em mim uma atracção pelo abismo que me impele e não me impede.
Por mero acaso, e não gabarolice minha - pois que, na vida real, sou um poço de modéstia - calhou a minha mais recente amiga (e, actualmente, a mais presente) ter sabido que me "ajeito com a costura" (palavras dela). Vai então de me perguntar se era capaz de lhe reduzir o tamanho a um casaco, mas, lá está, igualmente sincera, foi sem rodeios que respondi que não. E é verdade: um casaco, para ser ajustado, tem que, basicamente, ser todo desmanchado (descosido) e depois ser remontado. Ora, se já uma vez fiz isso a um sobretudo meu, que está até hoje à espera de voltar a ter mangas e ar de casaco, e sei que é melhor não, o que não sei é como é que, a insistências dela, que mo trazia às mãos e eu logo via, e depois de ter observado o dito casaco e ter percebido o cudilho em que me ia meter, não fui capaz de dizer, peremptória e veementemente, que não. Ao invés, mirei a peça - um enorme peluche malhado de leopardo [pergunto-me quantos leopardos de peluche tiveram que morrer para ela ter aquele casaco] [Haha, a piada não é minha, é da minha criança primogénita, mas adoro] -, ainda por cima forrado, tamanho xxl, "Made in China", que uma amiga lhe deu, e que ela, não adorando, gosta dele e gostava de o usar. 
Ora, custa-me assaz proferir os verbos conseguir e ser capaz na negativa do presente do indicativo. Não por uma questão de orgulho, mas de, efectivamente, me custar dizer não a pessoas de quem gosto. E então, vai de carregar o leopardo de peluche às costas para casa, no intuito de lhe reduzir o tamanho. 
Primeiros passos, já dados: arrancar-lhe as mangas e descosê-lo dos dois lados, de alto a baixo, forro incluído; alinhavar-lhe as laterais e as mangas com as novas medidas; cortar o ombro (larguíssimo!).
Tudo muito bem. Falta coser lados e mangas na máquina de costura, e depois costurar as mangas às cavas. Simples.
...
...
Simples, sim, não fora de cada vez que pego no animal, nem que seja para lhe acertar o pêlo, que é como quem diz, cortar o que está a mais, ficar toda a envolvente onde me encontro qual sala de tosquia, e ficar eu qual mulher das cavernas, no shave all year round.
(Para além de que não faço a mais leve ideia de como recolocar as mangas no casaco - que, no momento, está transformado num colete esfarrapado -, cosendo-as, cosendo o forro delas ao forro dele, cosendo tudo sem me coser à peça.)
Mais valia coser a boca. Isso sim, é que era de valor.


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#jasofaltam30

04/02/2019

Diálogos à sombra # 29

Isto de teres mandado aparelhar a dentadura numa idade em que já devias estar mas era a colocar a placa, com todas as alcavalas que daí adviriam - a melhor cola, a melhor escovagem, os melhores recipientes para mergulho da prótese -, tem também estas pequenas contingências de passar a vida no dentista. Em vez da dentadura postiça, estou em processo de alinhar a esquadro a minha própria, e se já era uma "taxa arreganhada", como diz o povo, ou seja, uma pessoa humana de sorriso fácil, imagine-se quando minhas vinte e várias porcelanas luzirem ao sol e também no escuro. De qualquer modo, apesar dos pesares - parquímetro zona vermelha, uma agulha no palheiro para encontrar um lugar para Rosinha, esperas de cerca de meia hora na sala -, gosto de lá ir, pois trago sempre comigo pequenas ofertas (mini-pastas de dentes, caixinhas com silicone para os arames), e a mim, quem me tira um grátis, tira-me um rim. 
Deu-se, no entanto, aqui há um bom atrasado, que andava com tosse no dia em que lá me deitei na cadeira, numa horizontal perfeitamente oblíqua - cabeça para baixo, pés para cima (estou sempre a ver quando é que resvalo e vou dar com a mona no soalho -, e foi no preciso momento em que me encontrava de boca escancarada e com algumas ferramentas lá dentro, que me adveio a irreprimível vontade de tossir, que aguentei até perto da asfixia, na esperança que 1. passasse, 2. só tivesse que tossir quando ele me desse autorização para bochechar, ou assim. É claro que nem 1 nem 2, por isso, quando já revirava os olhos, que, por sua vez, me saltavam das órbitas, subitamente movi-me: sentei-me - felizmente, nenhum dos instrumentos era A broca -, e tossi até às lágrimas, sem dar qualquer explicação, até porque não podia. Ele então sugeriu-me que levantasse a mão esquerda, da próxima vez que tivesse uma emergência daquele tipo, e eu, que perco sempre boas oportunidades para ficar calada, inquiri assim: "Não pode ser a direita porquê? Essa está reservada para bater no dentista?", só que ele, ou porque está habituado à pergunta (note-se que é dentista de crianças), ou porque tem bom sentido de humor, respondeu: "Não, porque, antes de tudo isso, a mão direita batia na mesa de instrumentos". 
Bem pensado, meu dentista. Mas, se fosse eu, não subestimaria a possibilidade de um bom gancho de esquerda. (Não meu, que sou de uma delicadeza olímpica, e sou pouco dada a dores ao nível da cavidade bucal, mas sei de casos.)


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#jasofaltam31


03/02/2019

Meus muito estimados leitores, muy caros seguidores,

(Não, ainda não é desta que me vou daqui p'ra longe, pois não chegou minha hora, ó ai, ó Linda.)

É que se passa o seguinte: por alguma razão que me escapa - distracção minha, passe a redundância, mau serviço de internet, desorganização do gmail, nomeadamente ao nível do telemóvel, confusão mental de Mr. Google -, a verdade é que nem sempre recebo as notificações de vossos comentários, sendo novamente - e novamente  porque este "problema" já não é novo - necessário ir ao separador dos comentários a aguardar moderação para constatar que alguém comentou e, quantas vezes, há um, dois dias, sem que eu me tenha apercebido sequer da sua existência. Já aconteceu publicar post novo (denunciando, desta forma, a minha presença inblog, in loco, in hole), sem ter publicado os comentários, que ficam à espera que eu vá lá ao coiso quando me lembrar, o que não acontece assim com tanta frequência como isso. Ou seja, a minha teoria é a da culpa de Mr. Google, porque aqui o confuso é ele: na verdade, tanto me notifica no separador "principal" como no "social" - ou, como já vimos, não notifica de todo -, como nas casas-de-banho das moradias, ou como se isto houvesse para aqui porta da nobreza e porta do povo, ou do cavalo, tudo de uma forma perfeitamente aleatória e fraca de sentido, principalmente de humor. Chega a pôr-me a mim, logo a mim, a eu, quando respondo, no separador "social", o que não percebo, nem pelo critério escolhido nem por nada nem coisa nenhuma. 

Portanto, hoje tomei uma decisão daquelas que sei lá classificar, mas me parece irreversível, assim à partida: vou passar a publicar ("moderar", como ele diz) os comentários todos, mal assim dê por eles, embora só responda mal assim possa, bale? O que, parecendo que não, não tem nada a ver com o outro assunto, mas hoje é domingo e já me cansei de fazer raciocínios destes.

(Queres ver que o homenzinho da farmácia, que outro dia me recomendou tomar Memofante - o elefante! - e, perante a minha cara de incrédula/escandalizada/revoltada, se desculpou, confessando que tinha comprado uma caixa para ele e se esquecia sistematicamente de tomar o comprimido, ao que sugeri "Devia tomar Memofante para se lembrar de tomar o seu comprimido de Memofante" [LB sempre a postos para solucionar os problemas da treta alheios], é que tinha razão?)


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#jasofaltam32

01/02/2019

@teia de aranha tarântula

Vi o programa da SIC de rajada (os três episódios juntos), já que tanto se falava dele ontem. Este país continua a ser um paraíso não fiscal à beira-mar plantado com profundas raízes, onde felizmente não se passa nada, a não ser pessoas que supostamente casam com um desconhecido e outras que se apaixonam por uma personagem de ficção, com contornos (curvilíneos?) muito para além da mera tela de cinema.
Não percebi nada. Fiquei na mesma, portanto, já que nem sequer posso dizer que me espantou ou baralhou. Sequer percebi a mensagem. Uma coisa é esta coisa,

[filme obrigatório para todos os pais e para todos os adolescentes]

outra coisa é esta outra coisa. Que se passe uma mensagem avisadora da possibilidade de perpetração de um crime online (aliciamento de menores), que a seguir se transforma num crime offline (violação), percebo, aceito e apoio. Agora, se a mensagem subliminar ou expressa for "Vocês são adultos, mas, apesar disso, nós não queremos que façam dói-dói no coração através da internet", desmarco-me. Tenho pena das pessoas envolvidas (o próprio, a mãe, algumas outras "amigas"), mas não alcanço a necessidade do tom de aviso do programa, quando não consegui encontrar um único crime na actuação - perversa, sem dúvidas - da "Sofia". O FB é o que é, não há muito tempo vi uma reportagem onde se falava num total de oitenta milhões de perfis falsos, quem lá se mete deve saber ao que vai. Depois, o que lá acontece não é muito diferente de frequentar um baile de máscaras, igualmente mascarado: às vezes, tal como na vida real, pisa-se cocó. Cabe a cada um verificar onde é que as poias foram largadas, evitar pisar e, no caso de, olhem, é limpar e seguir em frente.


LB's challenge rumo aos 3000 chouriços em 6 anos
#jasofaltam33