19/01/2019

Oceanos de plástico


Quanto a vocês não sei, mas eu pessoalmente apercebi-me apenas no Verão passado do flagelo que está a ser causado pela mera existência do plástico na biosfera, designadamente nos oceanos. Reconheço que algumas imagens terão sido manipuladas, com vista à dramatização-choque para a causa (esta, por exemplo), o que, se por um lado pode desacreditá-la, por outro não permite a sua camuflagem, porque outras existem que não deixam margens para dúvidas.
Na verdade, nem sequer me sinto capaz de escrever capazmente sobre este assunto, tamanho é o tamanho da minha ignorância, eventualmente proporcional ao tamanho da ilha de plástico que boia e navega nas águas do Planeta, que abrigaria certamente uma população de algumas centenas, senão milhares de famílias. Sem querer fazer piada com o assunto, mas parecendo que já faço, não me apetece um dia ir à praia e andar a nadar no meio do lixo dos outros (e meu), não me apetece que os meus filhos recebam de herança um planeta sujo, não me apetece que os meus netos sequer saibam o que é um golfinho, e já nem digo uma boa pescada no forno, que até podem vir a ser vegetarianos, pelo andar da carroça, ou do navio.
Esta semana, o Governo aprovou uma medida de redução de consumíveis de plástico em toda a Administração Pública, o que, não constituindo solução para já - uma vez que se trata de uma medida interna -, é um pequeno primeiro passo, e, como se sabe, é com passos de bebé que se iniciam as grandes passadas da vida.
Na minha ronda pela rua, onde reside a realidade imediata, apercebi-me, por exemplo, da mudança das palhetas de plástico em algumas máquinas dispensadoras de café, pese embora que os copos continuam a ser de plástico, ao invés de papelão, como poderiam ser; passei a recusar, em diversas lojas, o saco de plástico, solicitando um de papel, ou levando comigo sacos, de papel ou pano, e encontrei outras pessoas que fizeram o mesmo; vejo à venda o que já existe na minha casa, escovas de dentes de bambu.
Apercebo-me, pelo meu próprio exemplo, que esta mudança exige uma reeducação: carregar sacos não plásticos para as compras; ir à padaria pedir o pão em papel, ao invés da compra nas "ilhas" e nas estantes, já embalado; comprar a granel, em alternativa aos pré-embalados (fruta, legumes, frutos secos, etecetera). Dá um pouco mais de trabalho, perdem-se mais uns segundos, mas tudo isso é a compensação pelos segundos que não perdemos antes, e cujo resultado já está à vista.
Também me questiono se a substituição do plástico por madeira ou papel - que nunca poderá ser integral - não levará a uma desflorestação maciça, originando outro problema ao Planeta, de igual gravidade. O que julgo, na minha já assumida ignorância, é que será possível, pelo menos, tentar um equilíbrio na utilização de um e de outro. O plástico reutilizável ou utilizável por um período de tempo ad infinitum (materiais de construção, por exemplo), não me choca, e encaro-o como sendo mesmo necessário.
Em suma, assumamos que, sem o plástico, já não saberemos viver. Mas assumamos também que, com ele, e à escala a que nos habituámos, não conseguiremos de todo sobreviver.

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