23/06/2018

Cycling, uma experiência esmagadora

Na pendência do dia de ontem, fui-me a uma aula de cycling. 
Tudo isto, porque tenho a PDM que sou a mãe mais fixe do pedaço (constituído por meu lar), e não consigo dizer que não, incapacidade que detenho para aí desde que corrigi o vício, logo após ter aprendido a segunda palavra de todo o meu já extenso vocabulário. (A primeira foi "pai"; a segunda foi, exactamente, "não".)
À chegada, o instrutor perguntou aos cerca de quarenta da enorme sala, quem é que estava ali pela primeira vez. Só eu e outra levantámos o braço, mas, por alguma razão que não me assiste, ele só se acercou de mim para me dar explicações acerca do funcionamento da máquina (bicicleta — cujo nome é uma metáfora, já que não tem rodas — estática). (Há-de ter pensado, "Aquela senhora tem uma alta probabilidade de faleceri, deixa cá dar-lhe uma aula teórica, e assim isento-me já de responsabilidades".)
O ar condicionado estava avariado, o que, passe o pleonasmo, condicionou grandemente a minha performance. 
De resto, correu tudo mal. O selim é uma peça claramente congeminada pelo Cão, ou por um torturador profissional (que, como se sabe, são uma e a mesma pessoa), coisa para esmagar uma determinada zona do corpo da humana, a níveis olímpicos, tal e qual um esmagador de alhos. (Dei comigo a olhar para os meus companheiros de Volta e a temer pela masculinidade deles, se é que algum ainda a conserva.) Tanto que, nos momentos em que o instrutor mandava pedalar de pé, cá o ser era a primeira a elevar-se e a pedalar, ou sei lá a fazer o quê com as pernas e os pedais. 
Ao cabo de quarenta e cinco minutos de senta-esmaga-aumenta-a-intensidade-pedala-de-pé, e muitas gotas litradas de suor escorridas, a tormenta acabou e foi possível apear-me e até ser cínica e mentirosa, quando o mestre me ordenou/pediu/perguntou/afirmou, "Isto é para continuar", "Claro que sim", de cara deslavada e suada, e toma lá bacalhau.
Um dia, à chegada ao Purgatório, Alguém me perguntará: "E tu, filha, o que fizeste tu de bem?", "Ai, eu fiz cycling durante quarenta e cinco minutos para ser querida com uma filha". E certamente levarei dois merecidos pares de estalos, com a palma e as costas da mão, "Vai para o Diabo que te carregue, que isso é coisa para te fazer merecer o Inferno".
Vá que hoje não tenho dores. Devem estar reservadas para esse momento.

7 comentários:

  1. A primeira vez que fiz cycling, há pouco tempo, resvalei da estática e arranjei cinco nódoas negras, das pernas às coxas, e arranjei-as para não cair no chão, tamanho o empenho em me deixar ficar na dita. E o pior de tudo é o selim. Não há grande bem no cycling, não... daí, lá no purgatório e tal, como dizes, não salva.

    Bom sábado e bom domingo :)

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    1. Já cheguei tarde para te desejar um bom fim de semana também, que esta história de Mr. Google não nos notificar leva-nos à falta de educação pura e dura. Mas desejo-te uma boa semana :)

      Aquilo é a coisa mais absurda que se inventou. Mais vale comprar uma bicla, mesmo fraquinha, que os passeios (e as ciclovias) de Lisboa se encarregam de nos dar cabo dos joelhos na mesma. Olha, eu fiquei com 3 nódoas negras no interior de uma coxa, mesmo sem ter resvalado. Além do que qualquer desequilíbrio é perigoso, uma vez que temos os pés amarrados aos pedais.
      Livra! Estou fora.
      :)

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    2. Ora essa, Linda Blue. Boa semana.

      :)

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  2. Hahaha essas aulas são diabólicas, são. Ia norrendo na primeira. E nos dias seguintes doia-me imenso o rabo. Depois melhorou. Ainda cheguei a ir a algumas

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    1. :D
      Eu não volto. Não me doeu nada no dia seguinte, mas tive uma experiência péssima. Sem ar condicionado, irrespirável, a sentir o cheirinho alheio, céus, tirem-me dali! Devia ter simulado um desmaio, à presidente.

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    2. Ahahah
      As minhas aulas tinham AC

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    3. Estas também têm, eu é que acertei em cheio com o dia da avaria do "sistema". Depois fui tomar duche e a caldeira também tinha ido ao ar (não pelos ares :D), de modo que tomei duche de água fria. Não sei como não morri de choque térmico. Devo ser mesmo de boa carnadura.

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