Acordo pela manhãzinha, ainda alta madrugada, assaltada à mão armada por dúvidas. Descartes era um menino, perto disto.
Assim como tenho vizinhos que me riscam um carro novo — embora o facto de ser novo seja aqui totalmente irrelevante —, tenho também outros que me dão comida. (Às tantas, tenho um ar enfezadinho e nem me apercebo disso.)
Outro dia veio cá uma vizinha bater à minha porta para me entregar um tabuleiro destes frutos. Estava bastante mais cheio, mas o povo cá do casebre tem comido, de modos que já só apresento uma amostra.
Encontro-me agora num impasse, chegada que é a hora de devolver o tabuleiro, uma vez que já passaram uns dias sobre a oferta: quero agradecer-lhe, mas não sei construir a frase. Não sei ao certo se isto são ameixas amarelas, abrunhos, rainhas-cláudias ou magnórios. Quero dizer assim: "Ester, venho devolver-te o tabuleiro e quero agradecer-te os [poing], que eram deliciosos".
Estou a pensar em várias soluções, mas nenhuma me parece perfeita:
1. Digo uma frase em que não se perceba bem a parte do nome do fruto: "Ester, venho devolver-te o tabuleiro e quero agradecer-te os ameibrunhrainhagnórios, que eram deliciosos";
2. Digo uma frase em que não diga o nome do fruto: "Ester, venho devolver-te o tabuleiro e quero agradecer-te aquelas frutas, que eram deliciosas";
3. Digo uma frase em que nem sequer falo do fruto: "Ester, venho devolver-te o tabuleiro";
4. Digo uma frase em que atiro com um daqueles nomes ao calhas e o pior que pode acontecer é ela corrigir. Ou então ignorar;
5. Meto-me no Google;
6. Meto-me nas tamanquinhas e vou à mercearia chamar pelos conhecimentos do senhor Joaquim;
7. Meto-me nas tamanquinhas e vou à mercearia comprar quantidade igual dos mesmos frutos e vou oferecer à vizinha;
8. Não devolvo o tabuleiro;
9. Mando-lhe o tabuleiro pelo correio, uma vez que sei a morada dela;
10. Faço uma compota com os frutos e vou oferecer à vizinha, como prova da minha gratidão, dizendo: "Ester, venho devolver-te a gentileza, por isso fiz compota com os ameibrunhrainhagnórios que me ofereceste, aqui a tens".
Solução 10. E já agora que tal levar um pão alentejano para fazer torradas?
ResponderEliminarM. Lopes
Quando for, tenho que ir com tempo. Ela fala bastante. Qualquer coisa que acompanhe a prosa é boa ideia :)
EliminarSão apenas ameixas amarelas :-)
ResponderEliminarÉ o que me cheira, daí ter posto em primeiro lugar na lista :)
Eliminar11. Ofereço-lhe um presente adequado a ela (planta, doce, livro, etc), juntamente com o tabuleiro. E digo "a família agradece a tua gentileza, foi tudo devorado rapidamente". :)
ResponderEliminarAL
Sim, tenho que levar uma gracinha. Faz parte :)
EliminarEu acho que são ameixas, é o que lhes chamo aqui em casa. Vou aguardar os comentários dos agricultores :)
ResponderEliminarEu também chamo assim, mas já vi tanta coisa... :)
Eliminar("mal" de ter costelas do Porto e do Alentejo.)
Eu diria que são ameixas amarelas.
ResponderEliminarE devem ser. Não arrisco por muito se lhes chamar assim, o importante é saber agradecer.
EliminarTalvez seja preciosismo, mas creio que também podem ser chamadas ameixas brancas (o amarelo, tirando em submarinos, é uma cor subvalorizada).
ResponderEliminarBoa tarde, LB :-)
E nem se percebe esse estigma, se acreditarmos que o amarelo é a cor dos malucos, e dada a sua proliferação...
EliminarBoa tarde, Xilre :)
Devolve-o dentro de um saco plástico e deixa a nota para, na próxima, entregar o saco cheio e dispensar o tabuleiro.
ResponderEliminar(Qualquer pessoa percebe que isso são dióspiros)
Achas que dá um daqueles maiozinhos, do hipermercado? E é muito abuso pedir que, para a próxima, venham várias frutas (todas com nomes óbvios)?
Eliminar(Eu é que sei ao que aquilo sabe. E ainda estou indecisa.)
Quanto maior, melhor, acho eu. Até mesmo um daqueles azuis, lá dos suecos dos móveis.
EliminarSinceramente, não me parece que seja abuso nenhum.
(Perde masé a vergonha e pergunta-lhe que fruta é. Vai ficar admirada quando te confirmar que são dióspiros).
Desde que caiba no elevador, não é?
Eliminar(Bom, e se não couber, posso sempre solicitar que o traga escadas acima.)
(Vergonha perdida é um nico o meu middle name. Mas também é fácil fazermos a prova: se se esborracharem, são dióspiros. Se não, devem ser anonas.)
Que tristeza.
EliminarA mulher a levar-te sacos de fruta e tu a esborrachá-la no chão só porque não sabes o que aquilo é.
(Dióspiros, bolas!)
Mau. Quem disse que era no chão que os esborrachava?
Eliminar(Não podem ser lichias, queres ver?)
Pede masé desculpas à mulher por andares a esborrachar os dióspiros que te oferece e deixa de me provocar.
EliminarAquilo é como o pisar da uva, com todo um ritual (descalço mas não bêbado).
EliminarSimplificas e agradeces a oferta das ameixas (não referir a categoria ou "modelo" do fruto). :)
ResponderEliminarA tua vizinha pode perfeitamente ser a minha vizinha. Tenho sempre dióspiros biológicos, na época deles. Ainda existem vizinhas como deve ser, daquelas que oferecem raminhos de salsa, ameixas e dióspiros.
É a solução 2 :)
EliminarEntre os muitos vizinhos que tenho (se contar com os dois prédios da frente), tenho pelo menos três que me oferecem fruta e hortaliça. Mas eu gosto desta onda :)
Oh Porca! Põe os olhinhos...
EliminarMais alguém que sabe que aquilo são dióspiros! E biológicos. Confesso que essa ultima parte me passou despercebida.
(Pronto, já temos o manicómio à solta.)
EliminarAh, por isso é que são tão pequeninos e amarelos?
(Enfim...)
EliminarNaturalmente! Aleluia!
Aleluia, irmão!
EliminarOi?
EliminarNão são dióspiros, são nêsperas. Biológicas.
São ameixas brancas :)
EliminarAnda toda a gente a gozar comigo, é o que é...
EliminarOu a levar-te demasiado a sério...
EliminarClaro que são ameixas, neste caso brancas.
EliminarEstava a meter-me com o Mg. :)
Bem me queria parecer, mas, à cautela, achei melhor esclarecer o imbróglio :)
EliminarHuuuummmmm.... Se calhar são abóboras raquíticas!
ResponderEliminarNaaaaa! São ameixas brancas! :)
No fundo, podem ser tudo o que nós quisermos!
EliminarPois :)