09/02/2017

Rosinha (?) e eu

Ainda estamos a fazer-nos um ao outro, my new baby and I. Tenho que lhe arranjar alcunha a preceito e a contento. E contente. 
Meu barco.
(Ocorreu-me agora, não quer dizer que fique.)
Meu iate.
Rosinha, minha canoa.
Bluecar.
Bom, não interessa. Hoje não estou boa para baptizados.
Já passeámos tanto por esta cidade, Rosinha e eu.
É todo um mundo novo a abrir-se de par em par, como as portas.
Mas não é a isso que venho. Não é a dar conta do cheiro maravilhoso, no painel maravilhoso, do som maravilhoso do motor (também maravilhoso), e do quão xtpendaça (para não dizer maravilhosa) me sinto lá dentro. (I'm too sexy for my car, baby!) De manhã, nem sabia o que vestir, tamanha era a carga de nervos, só de me imaginar a sair lá de dentro mal enjorcada, pois bem já basta o que basta (o despenteio; a facilidade com que me engano no percurso a pé e tenho que arrepiar; o destrambelho; o mundo da lua em toda mim). Ao fim de experimentar três saias (vá que não umas em cima das outras) (vá que não foram sete), saí. Por acaso, esta que tenho vestida é a quarta do dia. Não sei se ainda visto mais alguma até me deitar.
Também não venho contar que o painel dizia 6,9, depois 6,8, depois 6,7 e a pessoa achou que era a autonomia do combustível. Assim achou, assim agiu, e colocou-se na bomba, mesmo sem saber onde é que fica o botão do depósito. (A autoconfiança é uma coisa muito linda.) Sai então da viatura, explora na porta, explora junto ao chão (do carro, tá?), explora sem resultados, pensa em abrir o manual de instruções (tudo menos perguntar a algum transeunte, uma mulher tem a sua dignidade), até que uma vozinha angelical lhe diz Olha ali, e, de facto, era ali: logo abaixo do volante, do lado esquerdo, capaz de a pessoa ter que se acocorar dentro do carro ou alçar o codril já cá fora dele para chegar a tão recôndito lugar.
Nem venho confessar que me assalta à mão armada a dúvida metódica: ponho Diesel normal ou Diesel 10? Espera, o bebé é bebé, precisa de filet mignon. Ai, mas se o estrago? 
(Eu sofro de um grave problema quando se me apresentam as hipóteses A e B. Marro para o meio.)
E que liguei ao comproprietário, a sentir-me superiormente iluminada quando fiz a pergunta:
- Ponho Diesel 10, não é? — Senti-me também um pouco taxista a dizer Diesel. (Carro a diesel é tão fogareiro.)
Eu tenho um carro a diesel. Chiu.
(A mulher pode.)
E também não venho cá dizer que li mal, que os 6,7 não eram indicação de autonomia do combustível, e sim do consumo naquele momento.
(Ainda tenho tanto que estudar.)
(Devia adoptar aquela velha máxima dos informáticos, RFM — mas sou um nico preguiçosa.)
Eu bem tentei, mas ainda não foi desta que consegui meter ali gasóleo.
Diesel.


10 comentários:

  1. Anónimo9/2/17

    a menina vá fazer os tpc's bem feitinhos, e depois venha cá contar o quão já domina a dinâmica automóvel-acabadinho-de -adquirir- com- cheirinho-todo-bom.
    beijinhos, Linda.

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    1. Era eu ser aplicada e nada empírica (ou tentativa-erro), e já dominava a máquina mais do que ela a mim, Mia. Mas isto vai.
      Beijinhos

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  2. Boa sorte com a nova viatura. Enjoy the ride ;)

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    1. Obrigada, Be. Isto não há-de ser muito diferente de domar um cavalo selvagem. (Embora nunca tenha domado nenhum.) :)

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  3. Anónimo10/2/17

    Rosinha,minha canoa é um dos meus livros preferidos...Uma questão de sensibilidade!
    A mulher pode quase sempre;)
    Beijinhos e bom dia*

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    1. Eu amo de paixão José Mauro de Vasconcelos!
      Sempre :)
      Beijinhos, Til

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  4. Anónimo10/2/17

    Essa máxima só é aplicável quando tudo o resto falha:

    "When all else fails and there´s no aparent solution, read the fuc***g manual!"

    Felicidades

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    1. A mim, falha-me tudo à partida, mais vale atalhar logo e ir ler o manual :)

      Obrigada!

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  5. Linda,

    Muito bem !!!
    Acho mesmo piada, à tua forma de "viver "cada acontecimento !
    Ao teu envolvimento em diversas situações,que nos vais transmitindo de forma tão simples e engraçada.
    Parabéns Linda , pela escrita e pela máquina !

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    1. A minha vida é este filme da desgraceira a cada nanossegundo que passa por mim, e me repassa.
      Muito obrigada.

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