Apesar de extremamente enferma, fui-me ao teatro. Era prometido, era devido, bilhetes à borla, e nem que estivesse entubada até à baixa - tipo algaliada -, nada me demoveria, assim como não demoveu. Culturgest, peça em espanhol, com legendas em português, que bien hablas portuñol, pero tienes que lier con lejiendas, sinon non piescas nadia, las chicas y los guapos hablan tan depriessa, Dios ayudanos, por supuesto.
1. º - Eu estava febrilíssima;
2.º - A noite até pode ser uma criança, mas mais criança ainda, sou eu;
3.º - A cena dos ben-u-rons e brufens, a vocês, não sei, mas a mim dão-me uma paz que pareço um budista. Ou o próprio buda, mas em magro e com cabelo;
4.º - Apanhei-me numa cadeira tão confortável como um berço (CGD, tu rulas, aquele grande auditório é mas é um grande berçário!);
5.º - As legendas são-me fatais.
É uma mão-cheia de razões que explicam que dormi.
Não dormi-dormi, tipo de cabeça de lado, boca aberta e a babar-me para o ombro, mas reconheço que juntei as pestanas de cima com as de baixo.
No entanto, gostei muito da peça.
Sei lá qual era o tema - mira, bale, concha de tu madre (ide ao tradutor, que a mim, as legendas, me esclareceram, mas aqui eu não escrevo, porque isto é um buraco limpinho), tranquilo [tranqilo], si cariño, ai dame - não, isto não devo ter ouvido, era a brincar -, mi casa es tu casa y tiengo ganas de vivir.
Ainda antes de começar a actuação, e já com aqueles três grandes malucos (Manel Esfrega, és o meu preferido!) a fazerem-me fosquinhas, tive tempo para fazer um pequeno estudo antropológico sobre as personagens que fazem parte da plateia obrigatória de toda a peça que se preze. A saber:
- O gajo do cachecol esquisito, que acompanha com uma voz grasnada, à La Feria;
- A gaja do cabelo completamente no ar, tipo Hair, e mais espaço houvesse para mais volume;
- O gajo das barbas densas e negras, praticamente até aos pés, que tem um cachimbo mental pendurado delas;
- A gaja idosa, que foi enganada e lhe disseram que ia para o São Carlos, lá se aperaltou demasiado;
- A gaja do cabelo verde/azul/rosa-velho/wtf;
- A adolescente que caiu na esparrela e não encontra o grupo;
- O hiperactivo que quer imenso sentar-se e quer imenso ver a peça e quer imenso calar-se e quer imenso que aquilo acabe no tempo de um traque;
- O casal homossexual hipster;
- O estrangeiro que não tem nada para fazer e cumpre um estricto roteiro;
- O intelectual de meia-idade, que precisa do casaco de xadrez e do jornal entalado na axila do mesmo;
- O gajo que ia ali a passar à porta e viu movimento;
- A parola que ouviu dizer.
E depois há eu. Que até podia, mas não me insiro em nenhuma destas categorias, como um mutante, no fundo sempre sozinho, seguindo o seu caminho, ai de mim que sou assim (isto roubei à Daniela Mercury, mas estou deserta para meter mais um link, a dispersar do meu post. Olha...)
Ahahahahah, eu sou a última :D
ResponderEliminarHahaha, impossível! :D
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