Até já fui ao ginásio.
Ainda tenho o olfacto a meio-gás. Mas, por favor, nem me falem em gás.
É que, pese embora, fui agraciada com gás metano - uma coisa perfeitamente cósmica -, provindo do rabo maior que se encontrava naquela sala (ou talvez no mundo inteiro). Estive eu à espera, pacientemente, que ela acabasse o exercício - aquilo há-de ter um nome, tipo push and pull down, ou outra porra do género -, para fazer o meu, vai ela, desalicerça-se dali, e bumba.
Ninguém me dá o meu devido valor. Se eu persisto na insistência, devo-o à minha determinação e tenacidade para manter os meus mínimos olímpicos de beleza e tonificação.
Desculpem-me estar a começar assim uma semana, à queima-roupa, mas eu preciso de desabafar, e que melhor local do que este meu, para o fazer?
(Só me lê quem quer. Estais incomodadas? Turn around, pá)
Um confessionário? E há lá padres com guts - estômago, se quiserem - para mim e meus desabafamentos? Um ombro amigo? Qual ombro? Alguém atura uma senhora de idade, gira que dói, a babar-se-lhe e a ranhar-se-lhe nos enchumaços, que não seja a troco de (sei lá) tempo e intensidade nos dislates e desconchavos? E eu agora não tenho tempo, e falha-me a paciência para os desânimos dos outros, caguei que me chamem egoísta, olhem, eu não sou a mãe do mundo e a vida já me deu o que me chegue para me entreter. A caixa dos gritos? Ainda não arranjei uma de jeito, só me oferecem caixas de bombons em forma de coração. O espelho? O mesmo que me diz, todos os dias, És tu, minha rainha, que nem me deixa falar, mal abro a boca para lhe revelar Hoje preciso de conversar, tu escuta-me, animal, ele começa logo com aquele relambório Tão gira, como é que é possível, com essa idade, e ao fim de tantos filhos? Calar-me e remoer, prejudicando, assim, este doce, porém frágil, coração? Era o que faltava, ainda me dá uma travadinha, à conta de não poder desafogar na minha santa paz, que eu conto é comigo, não com Senhor nenhum. Eu, não. Já sabem que só continua aqui quem aguentar. Também não me vou alongar mais. Digo eu, agora que vou lançada.
(Só me lê quem quer. Estais incomodadas? Turn around, pá)
Um confessionário? E há lá padres com guts - estômago, se quiserem - para mim e meus desabafamentos? Um ombro amigo? Qual ombro? Alguém atura uma senhora de idade, gira que dói, a babar-se-lhe e a ranhar-se-lhe nos enchumaços, que não seja a troco de (sei lá) tempo e intensidade nos dislates e desconchavos? E eu agora não tenho tempo, e falha-me a paciência para os desânimos dos outros, caguei que me chamem egoísta, olhem, eu não sou a mãe do mundo e a vida já me deu o que me chegue para me entreter. A caixa dos gritos? Ainda não arranjei uma de jeito, só me oferecem caixas de bombons em forma de coração. O espelho? O mesmo que me diz, todos os dias, És tu, minha rainha, que nem me deixa falar, mal abro a boca para lhe revelar Hoje preciso de conversar, tu escuta-me, animal, ele começa logo com aquele relambório Tão gira, como é que é possível, com essa idade, e ao fim de tantos filhos? Calar-me e remoer, prejudicando, assim, este doce, porém frágil, coração? Era o que faltava, ainda me dá uma travadinha, à conta de não poder desafogar na minha santa paz, que eu conto é comigo, não com Senhor nenhum. Eu, não. Já sabem que só continua aqui quem aguentar. Também não me vou alongar mais. Digo eu, agora que vou lançada.
Nos últimos dias, senti-me povina: sabem quando o povo diz "Já fui a uma data de médicos e nenhum acerta com o que eu tenho, quando eu sei que o meu mal está todo na cabeça"? Assim era eu, com toda a porcaria que transportava em redor do cerebelo. O povo diz muito estas duas coisas, para justificar que não trabalha. Infelizmente, a mim, em havendo o que fazer, ninguém me dá essa abébia.
Hoje afirmo, de peito aberto, que atiro, finalmente, com a gosma para trás das costas. Porém, não o faço literalmente, pois não aguentaria nelas o peso das litradas que produzi e expeli nos últimos treze dias, a escorrerem em direcção nem quero pensar do quê. Semelhante quantidade, já daria para encher um jerrican.
Até já teria a quem oferecê-lo.
Mas a vida não é justa, pois não?
Mas a vida não é justa, pois não?
não, LP, a vida não é justa, nem no que a gosma diz respeito.
ResponderEliminarboa semana.
Mia
Nada justa, Mia. Não dá para perceber o critério de quem a distribui.
EliminarBoa semana também, obrigada.
LP,
ResponderEliminarIa tudo tão bem !
Agora esse final com " jerrican " ... partiste-me todo !
;)
Como assim?
EliminarEra uma dedicatoriazinha...
;)