30/07/2014

Diálogos ao sol

Linda Porca - Agora vou só secar-me e depois meto-me à sombra.

Uma querida - Porquê?

LP - Porque já estou muito castanha. Daqui a pouco pareço uma tia de Cascais.

UQ - As tias de Cascais não são assim. São amarelas.

LP - Pois, e são mais magras.

UQ - E secas. Parecem limões secos.

LP - Parecem o Iggy Pop.

UQ - O Iggy Pop parece uma tia de Cascais. E o Mick Jagger.

LP - O Mick Jagger parece uma tia de Cascais que se esqueceu de ir ao solário.

UQ - O Mick Jagger parece uma tia de Cascais que fez uma plástica que correu mal.

Estou mais descansada. Já não vou parecer uma tia de Cascais tão cedo. Mas não apanho mais sol na mesma.

Lost in translation

O problema de estar numa terra onde se ouve falar inglês com mais frequência do que o habitual, é fazermos associações e traduções livres. 

A mim calharam-me uns vizinhos ingleses que têm quatro ou cinco cães, todos com coleira anti-latido. Um dia debruço-me sobre este assunto, que agora as minhas entranhas ainda não permitem. Deviam também pôr uma coleira anti-merda no pátio, já que cheira e é chato.

No seguimento desta ideia, vi no supermercado uns bâtons à venda que se chamam "Baby lips electro" e o que é que eu pensei? Que eram bâtons para as crianças nem abrirem o berreiro na praia, condicionadas por apanharem imediatamente um choque eléctrico nas beiças. É que nem a desculpa de a cafeína ainda não me ter atingido as veias me serve. Só, talvez, a de os ingleses serem tão estranhos, e tratarem as crianças de modo tão peculiar que até as deixam a dormir enquanto vão para os canecos... isso não me sai da cabeça, de cada vez que para aqui venho. 

29/07/2014

Pensamento escatológico do dia # 6

Exercer a função. Libertar o interior dos sólidos que parecem multiplicar-se e senti-los mergulhar, juntos, agora a somarem-se nas águas. Sentir o corpo a fechar-se, a descansar, a descontrair. E, de repente, outra onda igual, com a mesma proporção, prepara o corpo para nova investida, em tudo semelhante à anterior. Só pode ser assim o parto de gémeos. Sai o primeiro, o corpo sossega, o turbilhão recomeça, sai o segundo. 

Já posso escrever "Os meus gémeos".

26/07/2014

Estou tão Linda

Eu, de férias, descontraída e comestível...


(ou melhor, eu a tentar postar a partir de um computador que não é o meu e tem um rato merdoso, para além da falta que o Picasa me faz, para recortar a foto e se ver bem a imagem do bolo da Porca.Foi post possível)

23/07/2014

Eu vou-me

Tenho estado mergulhada num daqueles trabalhos de sol a sol que até às lágrimas nos levam. Ou melhor, vos levam, que eu sou enxertada em corno e só choro quando as pedrinhas da calçada também choram, ou quando o motivo é totalmente estúpido, mas nunca por trabalho.

Estou há meia-hora naquela fase da descompressão que não me apetece fazer nada. Mas tenho que fazer a mala.

Amanhã vou de férias. Os vinte biquinis estão em cima da cama para os meter na mala, mas eu vou por onze dias. Levo-os a todos na mesma, porque gosto de todos, mesmo dos que me ficam mal ou são menos giros. Um dia vou tentar perceber, resolver e, quem sabe, tratar esta compulsão. 

Estou tão feliz que só me apetece vomitar.

22/07/2014

Pensamentos porcos

Não posso chamar mais nada ao que anda a acontecer-me dentro do meu carro. 

Ele foi à oficina.

Pausa. Eu não gosto daquele mecânico. Demasiado iluminado, só ideias brilhantes. Entrego-lhe sempre o carro com a gasolina à pele, porque ele gasta-ma toda, se lho entregar cheio. E ele tem sempre que sair da oficina, nomeadamente para ir à inspecção e essas secas. Por isso, nunca posso entregar-lho e ficar descansada com o meu quido lindo, porque já sei que vai andar nas mãos daquele meliante por esta cidade fora e sabe-se lá por onde mais. O cenário é o mesmo, há anos: entrego-lhe o carro quase sem combustível e com o conta a zeros. Ele diz: "Vou ter que meter 10 euros de gasolina, isto está mesmo a acabar", mete 5 e põe-me o conta outra vez a zeros no momento em que me devolve mon petit. Esta saga já dura há tanto tempo, que só ainda não mandei o homenzinho cagar à mata porque não sou só eu que mando nessas coisas. Nomeadamente de quem mando cagar e aonde.

Eu tinha uma cagadela de pombo absolutamente gigantesca no vidro da frente quando lhe levei o meu bebé para ele levar (o diabo seja cego) à IPO. Uma excelente cagadela, exactamente no sítio onde o limpa pára-brisas não passa, tal e qual debaixo do percurso redondo das borrachas. Andei com aquilo ali assim uns dias, achando que ia evaporar. Sim, também estudei na física, quando era pequenina, que os sólidos não evaporam, mas que quereis? Sou uma eterna ignorante. O que é facto é que a poia não evaporou e eu entreguei assim o meu bom popó, que só me desilude nas rampas. E não é grave, é uma situação perfeitamente controlada, uma vez que já aprendi a evitar rampas a todo o custo. 

O senhor marquês há-de ter achado que a cagadela lhe impressionava as cataratas e quis lavar-me o bólide. Ou então, nem quero imaginar o que diachos se passou lá dentro para ele ter tido que o lavar daquela maneira. Passadas horas de o carro ter voltado da oficina, todo ele era cheiro a podre. Como eu me dou só com gente de fino trato, fui agraciada com insinuosas perguntas, a saber:

- Pisaste merda?
- Calçaste os meus ténis?
- Morreu-te aqui alguma coisa no carro?

Dei a volta à bagageira - que tem a tralha de uma vida inteira, é certo, mas tudo limpinho e seco -, dei a volta ao carro e nada. Entretanto, arejava o carro na medida do possível, deixando nesgas de vidro abertas toda a noite (na garagem, que os ladrões existem, acho eu). E nada fazia passar o pivete. Acho que até apurava. 

Linda Porca num auto-mobile a cheirar a estrume. Perfeito.

Ontem corri para o povo da lavandaria de carros do Continente e pedi socorro.

- Por favor, preciso que me façam uma lavagem ao interior do meu carro. Ele foi à oficina e veio de lá assim. É um cheiro a podre que eu não sei de onde vem, mas que tem que sair. 

O brazu mete a mona lá dentro e sentencia:

- Ai, sióra, a sióra tem quauquérr coisa morto lá dentro. 

Até dirigi um pensamento para a Maddie. A quinta sub-cave do inferno já me está reservada, com fogo e cervejas à farta.

Diz-me o rápais que são cem euros para lavar o carro como eu quero. Certamente achou que eu cometi ali um delito e queria limpar provas. CSI a mais, ô meu chapa. Digo-lhe que não estou em condições de pagar tanto por uma lavagem - mas com ar de quem não tem condições de saúde, não financeiras -, que me faça uma limpeza boa e descubra o que é que morreu dentro do meu carro. Aposto numa doninha. 

Secretamente, acho que foi uma das quengas do mecânico que teve lá um percalço sanguíneo e aquilo apodreceu. Mais uma vez, vislumbrei a porta do Hades a escancarar-se para mim. Muá. Muá-ha. Muá-ha-ha-ha-ha.

Quando regressei para ir buscar a viatura, veio a sentença: o mecânico deve ter-me lavado o carro com os vidros abertos e encharcou-mo por dentro. Tenho a alcatifa, o forro do carro, aquilo que me separa do chão do carro, que é o que me separa da estrada, inundado. Com água podre. E que não seca, a menos que fique umas boas horas de vidros abertos, ao sol.

Então, o panorama actual é o seguinte: ando por minha cidade com os quatro vidros abertos, o ar condicionado dirigido para os pés a 26º, e feliz. Pareço uma tontinha, com os pezinhos muito quentinhos, em pleno Julho. Como só se aguenta até à 3ª (velocidade) os vidros abertos, e eu sofro de excitex e não consigo pastar vacas na estrada, mal meto a 4ª, tenho que fechar os vidros, sob pena de não ver mais nada senão cabelos. São 26º num cubículo. Ainda fico mais magra.

21/07/2014

O "livro"

De A Dona Dolores provoca-me sentimentos.



Ou melhor, a mera existência de uma resma de folhas ditada pela mãe do CR, provoca-me sentimentos. Vários. Ambivalentes. Contraditórios. E nenhum é um sentimento puro e bom. Porque li por todos os lados que a mesma pessoa que titula a sua "obra" de "Mãe coragem", é a mesma que, a páginas tantas, confessa que quis abortar aquele filho. Eu sou doente de amor e, talvez por isso, não seja capaz de perceber que tipo de pessoa é capaz de partilhar uma coisa destas, ainda para mais em se tratando da figura que é aquele filho. No contexto mãe-filho-morte que ainda se está a viver em relação a figuras públicas, ainda para mais num livro assinado pelo Paulo Sousa Costa, muito e muito me custa que as montras das livrarias estejam forradas com esta coisa. Mas eu, não sei se já disse, sou doente de amor. Tipo doente mental, mas em maior.

19/07/2014

A publicidade e eu

Ou de como continuo a questionar-me.

Pode ter sido de propósito, pode ter sido por acaso, embora eu ache que é esta última, ou os americanos estão lá a meter-se na cabeça de uma senhora de idade, portuguesa, ainda por cima, e que, para cúmulo, só lhe passam coisas mal-criadas pelo neurónio sobrevivo?


Eu até leio em francês, va te faire foudre!

18/07/2014

A minha alergia aos metais

é tão extensa que até os apitos me afectam. Quer dizer, se meter um na boca (olha aí o nível, este é um buraco digno, de respeito!), fico com os lábios (mau!) cheios de uma espécie de herpes (labial, hã?) auto-inflingida. Mas hoje, ao passar ao portão de uma escola primária (primeiro ciclo, I know), concluí que os monitores de ATL têm uma qualquer vocação para árbitros (da vida das crianças?) ou para nadadores-salvadores (de quê, Kryste? Assim, a seco?). Apitam e apitam, e o raio do apito, naquele caso, perseguiu-me acompanhou-me por alguns metros, sendo que o magano não o tirou da boca (já não digo mais nada). E aquilo criou-me uma nova versão da minha alergia. Pobres crianças, já não basta estarem em férias metidas na escola, ainda aturam um chanfrado com a mania que é juiz.

16/07/2014

Amanhã vou ser surfista, mas sem prancha

Estou num pico de trabalho, daqueles de manhã (ao levantar) à noite (ao deitar, mesmo). Lisboa arde de calor e eu com ela, minha cidade tão linda, à beira mar estendida. Amanhã imponho-me duas pausas e vou dar um mergulho de manhã e outro ao fim do dia. Como fazem os surfistas que têm um emprego 9 to 5 e saem na pausa de almoço para ir apanhar umas ondas. Deixo a máquina ligada, zarpo, mergulho, nado até sentir frio, apanho, também eu, as minhas ondas (há umas só minhas) e depois é o tempo de secar o bik. Por duas vezes. Preciso mesmo disso, sob pena de pirar (mais).

Preciso de ir ao cabeleireiro tratar das ondas do cabelo, preciso de arranjar os pés que pelam a olhos vistos (aventura ainda a relatar, mal hajam forças), preciso de me depilar como deve ser e não tenho tempo para mais do que comer e dormir. E cagar, hom'essa. Vou para o Algarve daqui a uma semana, provavelmente irei como a mulher das cavernas. Hug.

14/07/2014

Eu quero perceber, numa incessante busca pelo conhecimento

o que é que assiste aos condutores que, no momento em que tentamos entrar numa via, fazendo o respectivo pisca, vêm de lá, calmamente, mas ficam doidos e desatam a acelerar, quando era claro que tínhamos tempo de entrar na via à frente deles, caso fossem gentis normais e nos dessem passagem. E, logo a seguir, mantêm a sua marcha de cruzeiro, ficando nós atrás deles, desesperados por andar um niquinho mais depressa. A segunda circular é pródiga nesta merda. E a CRIL. E o IC 20. Ou todos os ICs, IPs e os genitais masculinos.

E o que é que assiste aos tontinhos que nos ultrapassam pela direita, danados por irmos à frente deles, e se nos metem à frente, tudo sem piscas, e pronto, desaceleram o burro? A esta categoria estou sempre a aplicar a erudita frase "Então mas saltas-me para a frente e agora vais aí a pastar a vaca?". Eu tenho a certeza que um camionista nado e criado na zona J não é mais vernáculo do que eu ao volante. Ou um taxista. É que até me sai das cordas vocais uma voz que não é a minha...

Faço uma verdadeira catarse quando conduzo. Quando estou mais fornicada da minha vida, meto-me ao volante e lá vou eu. Fico sempre mais calma logo a seguir. É isso e passar uma boa cestada de roupa a ferro. Se algum dia for internada, num hospício ou no xilindre, é para a lavandaria que vou. Só que a tranquilidade só me vem quando desligo o motor. Às vezes também entro calma e sossegada dos meus botões e bastam-me cem metros para um anormal qualquer me vir provar que o mundo não é perfeito. Quem me acompanha no carro sabe que eu me transformo no dragão das três cabeças pouco depois de ligar o motor. Outro dia, num percurso Lisboa-Caparica, contaram-me 14 reclamações para lá - e não contaram com os ciclistas no meio da via a pedalar a 6 à hora, nem com a gaja que vinha a correr na estrada - e outras 14 no regresso. Paradoxalmente, sou tida como uma excelente condutora, super-segura e sempre atenta. "Fazes cinco contravenções em cada percurso de 2 quilómetros, mas guias lindamente". Caneco, se contarem com todos os amarelos (amarelos!) que uma pessoa tem que passar na vida, então estou ao nível de uma criminosa. Mas eu também nunca disse que não devia estar presa. Lavandaria, se faz favor.

13/07/2014

Don't cry for me


Gosto mais da bandeira argentina do que da alemã. Torço por eles por um sem número de razões, e nenhuma delas objectiva ou lógica. Como todos os meus amores, este não tem uma explicação racional.

Eu sei que a culpa é minha. A incapaz sou eu.

Fui à FNAC perguntar por um livro. Mais uma vez, não me lembrava nem do nome do livro nem do nome da autora. Sei perfeitamente que, antes de ir, podia ter visto no Google, ou no blog da autora, o nome da obra. Mas, assim como eu tenho Google, na FNAC também têm, ou outra coisa qualquer que faz as vezes de busca. E saí de casa com pressa. Ou melhor, nem me lembrei de ver o título e, ao menos, escrevê-lo num papel. Eu tenho problemas de memória, que só não me dão mais dissabores porque devo ter uma grande lábia. E acredito na via do diálogo.

- Boa tarde. Eu ando à procura de um livro cuja autora escreve o blog Rititi

- ... [sobrancelhas acima do equador da testa]

- É "40 anos" qualquer coisa.

- ... [no Google]

- O blog rosa cuequinha...

- Rita Barata Silvério. "Manual de instruções para sobreviver aos 40..."

- Sim, é esse.

- "... continuar sexy..."

- [o cabrão vai continuar a ler?] É esse!

- "... com alguma vida sexual..."

- Escusa de continuar a ler o título. É evidente que é esse e eu já lhe disse que é esse.

O resto do título é "e não parecer uma lontra". Grande cabrão. De piercing no sobrolho (espetado no meio da testa, já disse?). Tive vontade de lhe dizer que o livro era para a minha filha. Ou para a minha empregada.



10/07/2014

Os meus sutiãs tiveram um bebé!

Na minha casa existem fenómenos. 
Desaparecem coisas sem deixar rasto. Às vezes aparecem anos depois, portanto não me frequentam gatunos. Agora desapareceu o descascador. Também desapareceu a fita-métrica. Quando eu menos esperar, um e outro vão aparecer no frigorífico, ou na máquina da roupa. Mas daqui a muito tempo, por isso é preciso esperar. Não adianta procurar, porque, mesmo que o faça em locais altamente improváveis - que é sempre por onde começo, por questões de lógica -, não vão aparecer. Só quando eles quiserem e ou já não forem necessários. 
Hoje apareceu um sutiã que eu não comprei. Não sei há quanto tempo vive cá em casa, mas sei que o uso há uns anos, a avaliar pelo estado dos elásticos. Ela veio entregar-me a roupa que era suposto eu arrumar e lá estava ele. A ordem natural das coisas seria metê-lo na gaveta, no meio dos outros vinte, e não ligar mais ao assunto. Mas hoje não era o dia da ordem natural das coisas e eu estava com aquele sutiã vestido. Peguei nele, virei-o, revirei-o e sim, é ele, e é meu, quem melhor do que nós próprias sabe o que nos aconchega as guidas? Mas não pode ser, eu tenho-o vestido. Dispo o vestido, já parva da memória, ai hoje estou pior, nem a Dory é tão esquecida, Pai! Pai! Mas é o teu pai ou é o meu pai?, e lá está ele, multiplicado por dois, não há dúvidas, um vezes dois são dois, não são? Tenho um na mão e outro no mamaçal. Iguais. Gémeos. Com o mesmo grau e nível de uso. E eu sei que só comprei um. Isto é, comprei dois, um branco e um preto, mas estes são os dois brancos. 
Então eu acho que a gaveta dos sutiãs foi ninho e lá nasceu um sutiã bebé. E lá cresceu. E eu usei a mãe e o filho (filha, provavelmente) durante estes últimos anos, sem reparar que eram dois. Duas.
Ou então um deles voou da janela de uma das vizinhas de cima. Que não só tem um gosto rigorosamente igual ao meu, como deu uso àquele sutiã ao mesmo ritmo que eu dei. E tem um par do mesmo tamanho que o meu.
Na minha cabeça também existem fenómenos, assim.

09/07/2014

Hoje, mais do que nunca, lamento que os meus Valentes ainda não tenham chegado aos meus pés

Dava uma granda lição de vida àquele granda palerma do meu cunhado.

Ainda cá o tenho atravessado (metaforicamente falando). Isto já dura desde sexta-feira. Estamos em quarta. Até ando semi-remetida ao silêncio, a ver se me passa a raiva, mas como não, venho destapar a tampa (também é metáfora). 

Arrastou-me o magano para um jantar, dizendo que era para ir vestida informalmente, como todos os dias. Até percebo que ele tema que eu, vestida como todos os dias, lhe fizesse sombra à mulher. Mas isso é uma evidência, e cansam-me as pessoas que tentam negar as evidências. Já no carro, numa altura do percurso que não dava para voltar atrás, lá confessou que íamos a um jantar cheio de tios e tias. Porra, pá. Eu de calças encarnadas, top da Lanidor, mil colares da Tous e sandalete de salto alto (Primarkona, liiindas). Arrefinfa-lhe, que isto é o meu informal do dia-a-dia. Mesmo assim, podia ter ido mais chique. Lá chegada, adaptei-me rapidamente à circunstância (uma sunset party em Montes Claros, só mesmo aquele barrão para achar que se pode ir informal para uma cena dessas!), e transformei-me num elemento da brigada do croquete. Saquei de um copo de vinho e ensopei tudo junto, a ver se me esquecia daquele momento. A respectiva do meu cunhado, que calha ser minha cunhada, sem maquilhagem, sem bâton, sem rimmel, sem unhas pintadas, sem perfume, uma cera. E a beber suminho de laranja, ai que santa. A mulher mais bem vestida da minha mesa era simultaneamente a mais feia, a mais gorda e a mais velha. Lindo. O marido colou os olhos em mim e não comeu, de siderado que estava. Apetecia-me piscar-lhe o olho e dizer uma coisa abstracta, do estilo, Não olhe para mim tão insistentemente, eu não sou quem está a pensar. A Bundchen é um pouco mais nova do que eu. Optei pela inconveniência do costume, para quebrar o gelo. Acerquei-me de meu companheiro do lado e disse (alto, pois claro, a acústica da sala era péssima): Ai, amôrrr, qui tédjio. Tem fiumi pornô?. Havia também uma tia daquelas que cerram os dentes a falar, abrem muito os olhos e dizem frases do género Eu adhoro o Ffcisco. Mas repetem aquilo até à náusea. Eu adhoro o Ffcisco. Blegh.

Na próxima sexta vou jantar com o meu afim outra vez. Desconheço por que insiste. Desta vez, o jantar é verdadeiramente informal. Mas era lindo ir de lantejoulas e já poder levar os meus Valent (que, por enquanto, ainda são falsos).

08/07/2014

Eu sei que é uma pergunta estúpida

e, neste momento, retórica e inútil, mas apetece-me tanto...

Se o Brasil perder este jogo, vai para casa?

Note-se que eu torço pelos brasileiros, e ainda acredito que é possível meter seis golos naqueles cus germânicos que me irritam. 

05/07/2014

Pessoas | Animais | Coisas

Na passada quarta-feira foi aprovada no parlamento a proposta que prevê a punição de quem maltrate animais, com penas até dois anos ou um ano de prisão, consoante resulte ou não a morte do animal daqueles maus tratos. Uma e outra medidas são remíveis - o que será a regra, obviamente - em penas de multa de, respectivamente, 360 ou 240 dias. 

Teimando em não me considerar uma pet lover, e apesar de não ter lido a proposta, nem enquanto tal, nem enquanto lei, há duas ou três coisas neste diploma que me inquietam alguma coisa. Diz-me o instinto (animal) que ela serve para calar algumas vozes, senão incómodas, pelo menos chatas, mas mais nada. Senão vejamos: quem, sem motivo legítimo, infligir dor, sofrimento ou quaisquer outros maus tratos físicos a um animal de companhia”. Percebe-se que o legislador quis acautelar a possibilidade de o animal ser socorrido, salvo, assistido ou intervencionado, sendo que, para tanto, seja necessário, legitimamente, inflingir-lhe dor. Mais vale partir-lhe as patas e tirá-lo do buraco onde certamente se afogará do que deixá-lo afogar-se. Tranquilo. Porém, acho um bocado esdrúxula a salvaguarda da integridade de animais de companhia, deixando à mercê da sua sorte todos os outros. É óbvio que não se pode ser tão generalista e açambarcador que se possa querer protecção para piolhos da cabeça dos putos e baratas na cozinha. Mas incomoda-me alguma coisa que os animais que andam pela rua (e que, pessoas, convençam-se, apesar de terem mau aspecto e andarem sujos, são felizes assim) não sejam englobados nos cuidados que o legislador tem com os bichos ao redigir esta lei. Não seria a primeira vez que a maldade para com e o sacrifício de um animal fossem perpetrados para com um gato ou um cão vadio. Esses são bem mais indefesos quanto aos limites que a crueldade das pessoas pode atingir, e, quanto a eles, a proposta, agora lei, não diz uma palavra quando, na verdade, o que se pretende punir é um determinado comportamento, e não apenas um dano que se cause no património de alguém.

Por estas e por outras é que eu defendo há muito tempo que, ao invés de distinguir pessoas e coisas (onde se incluem os animais) como entidades passíveis de protecção jurídica, o nosso ordenamento jurídico devia distinguir pessoas, animais e coisas. Todas são entidades com características demasiado próprias, mas também demasiado distintas, para que se possa juntar os animais e as coisas no mesmo "saco". Basta dizer que uns têm vida - esse bem precioso que encima a hierarquia dos valores - e outras não. Só isso já devia chegar. 

Esta nova lei adianta um passinho de bebé relativamente à regra do Código Penal que prevê o crime de dano: "Quem destruir, no todo ou em parte, danificar, desfigurar ou tornar não utilizável coisa alheia, é punido com pena de prisão até três anos ou com pena de multa." (art. 212.º). Ou seja, já não se podia fazer mal ou matar o cão do vizinho. Agora também não se pode fazer o mesmo ao próprio cão. Mas com a agravante de a pena ser mais leve... 

Avançou-se alguma coisa? 

Minhas meninas. Alguém lhes fizesse mal e tinha-me à perna de catana em punho.

03/07/2014

Show do Fábio, não, Fábio é show, é foda!

Fui no Fábio, que é aquela trituradora de gozo e gargalhedo, e ri-me, de seguida, todo o tempo do espectáculo, e mais houvesse, ainda lá estaria a esta hora, depois de raiar o sol do dia seguinte, sentada na cadeira que me calhou do Campo Pequeno, a rir tanto! Como é que é possível ser-se assim um génio e ter-se aquela energia toda, para se aguentar, de seguida, uma hora inteirinha a falar, a dizer piadas, a entoar vozes, a improvisar em alguns momentos, só com pausa para as palmas e palmas que choveram toda a noite? No fim, todo o elenco da Porta dos Fundos, todos grandemente aplaudidos, muito em particular a grandiosíssima "Odete" (Júlia Rabelo). E ele despediu-se assim: "Tchau, Lisboa, vocês são foda!"

Fábio, Fabão, surgiu por trás de mim no início do espectáculo, e isto foi o melhor que eu consegui no meio dos nervos. Acreditem ou não, é ele. T-shirt vermelha, com o sinal matemático de "diferente" (isso não se vê na foto, não procureide). Eu estive a seis metros do Fábio Porchat. Já posso morrer feliz. Lindo.


02/07/2014

Tenho uma gata que faz chichi

Uma das minhas gatas fazia marcação de território e punha-me aquele líquido amarelo com cheiro a cio por todos os lados. Habituei-me a lavar tudo na máquina, mesmo o que não é comum lavar-se: malas e mochilas, sapatos, e, uma vez, até ponderei meter lá a árvore de Natal. A bicha foi esterilizada, fui avisada de que as marcações podiam só passar dali a meses e esperei. Melhorou, mas não passou. Já foi operada há dois anos, mas neste momento está numa crise qualquer que está péssima. Não se dá com a outra gata e marca os locais por onde a outra anda. Diz a psicologia do gato que não se deve ralhar nem castigar, senão o bicho fica mais ansioso e piora a situação. De qualquer maneira, eu não sou de ralhar nem de bater a baratas, vou lá agora desmimar a minha bichana. Mas o problema do cheiro do cio e da urina é que não sai com a lavagem. Fica lá sempre qualquer coisa. A menos que encontremos a solução. Agora aprendam, que eu não duro sempre: vinagre.

Um copo cheio de vinagre no depósito da máquina de lavar - mesmo que só vá a lavar uma peça ou duas. E não, não fica a cheirar a vinagre, o que, convenhamos, a ser verdade sempre era melhor do que aquele cheiro do cio. Outra dica: nunca, por nunca, usem detergentes de limpeza com amoníaco (tipo Sonasol verde). Só pioram, activando o cheiro.

Passei, assim, a ser uma fiel consumidora de frascos de vinagre, qual bêbeda pobre do bairro.

01/07/2014

Às vezes leio comentários anónimos...

nas caixas dos blogues e penso que, de uma maneira ou de outra, já disse aquilo ou já escrevi coisa parecida, e ocorre-me se alguém que me conheça, por um segundo que seja, lhe passa pela cabeça que possa ter sido eu...

Mas é que não. Nunca, em toda a minha vida, nem com este perfil nem com o meu a sério, de pessoa não suína, jamais pus um comentário anónimo em blogue algum. Da mesma maneira que, às vezes me apetece ir à cozinha do restaurante dizer à cozinheira "Que bela merda que me mandou para a mesa", mas não o faço, também quanto aos textos dos outros há em mim uma menina bem educada que interiorizou que se deve limitar a comer (ou não) e ficar calada. A regra é não voltar, mas mais nada. 

O melhor e mais barato desmaquilhante de olhos do mundo

Há muitos anos que me maquilho. Faço uma única pausa no Verão, durante cerca de três meses, em que só ponho creme hidratante na cara e pinto os olhos. Ou seja, há décadas que pinto os olhos, todos os dias, sem excepção, mesmo naqueles em que não saio de casa, ou tenho febre, ou estou internada (já aconteceu várias vezes nos últimos anos e nunca por motivos tristes, que eu não sou dessa laia). 

Com a quantidade de tinta que já espalhei nas pestanas, já não devia ter pêlo nas pálpebras, mas, pelo contrário, assistem-me várias e relativamente longas, e porquê, perguntam vocês e eu respondo assim: porque as trato bem. Isto da Natureza, cada vez mais me convenço que dá de um lado e tira do outro. Se é verdade que tenho um atraso no envelhecimento da vista - diagnóstico do ofta -, por outro tenho olhos sensíveis. São quase pretos, mas choram facilmente se não forem bem tratados. E não é de tristeza, já disse que não sou dessa laia?

Desde muito cedo, ainda era quase uma criança, que percebi que os rímeis do supermercado não podem chegar perto de meu frágil olho. Percebi também que a velha máxima de que não é só por ser caro que é bom, aos rímeis não se aplica. Os da perfumaria são três vezes mais caros, mas mil vezes melhores. Eu sou a prova viva, a cobaia, a vítima: ponho um rímel do supermercado e aguento umas horas sem me picar o olho, sem chorar, sem borrar a cara toda de negro, sem ficar com os olhos vermelhos. Ponho um da perfumaria e uso-o tranquilamente até me deitar. E posso dormir com ele, excepcionalíssimamente, que no dia seguinte não estou cega. 

Os bons rímeis estão, cada vez mais, a ser fabricados com substâncias à prova de água. É a única coisa que nos garante que pode entrar um cisco no nosso olho ou termos uma discussão com o namorado sem que fiquemos iguais a um Kiss.



Lá está. E, como toda a bela tem um senão, se o rímel for mesmo bom e não sair com lágrimas, também é mesmo mau de retirar. Durante anos a fio usei tónicos, desmaquilhantes específicos para olhos (os bifásicos, caríssimos, da perfumaria), e creme hidratante, este último já no tempo em que as vacas começaram a emagrecer. O tónico só tira metade do rímel e faz arder; o desmaquilhante bifásico só tira metade do rímel e deixa os olhos cheios de óleo; o creme hidratante retira o rímel todo e faz arder. Todos eles arrancam pestanas, o que, mesmo à média de duas por dia, resulta na linda quantidade de 60 por mês, ou 730 por ano. Não é imenso? Eu acho. 

Sinceramente, já nem sei como é que descobri esta grande facilidade. Sei que há muito que tirava a maquilhagem da cara com toalhetes de limpar o rabo dos bebés, antes de passar o hidratante. Até que um dia passei o toalhete nos olhos e oooooh, fez-se luz. O rímel ficou todo no toalhete e não me deixou os olhos a arder, nem me arrancou uma única pestana. Um só toalhete desmaquilha os dois olhos e ainda dá para o virar e desmaquilhar o resto da cara com ele! Faz tanto sentido que não sei como não cheguei mais cedo à conclusão de que o que é próprio para limpar rabinhos tão delicados só pode ser excelente para a pele da cara e para os olhos. E façam as contas a 2 embalagens de 72 toalhetes, a € 2,50, por quanto vos fica, diariamente, tirar a graxa. Até dá para investir o que poupam na qualidade da própria graxa!

Também podem e devem usar os toalhetes para se limparem em tendo terminado a defecação, mas sinto que isso já não é comigo.