23/07/2013

Pensamentos que me germinam na caixa, porém nunca me chegam à boca # 6

Até me atrasei a chegar à mina hoje de manhã, só por ser tão boa samaritana. Estava um homem preso no elevador, eu moro num prédio com 36 casas e fui a única pessoa que saiu porta fora quando ouviu a campainha de alarme e os gritos de pânico da criatura. Sou boa, não há muito a fazer com este rinoceronte que há em mim. No entanto, vi-me obrigada a dar uns murros na porta metálica do elevador e tive que gritar ao homem que parasse de meter o dedo no botão de pânico e me ouvisse, sob pena de passar lá o resto do dia (esta parte final não disse, podia ser interpretada como uma ameaça e isso é crime). Andei a bater às portas todas, do síndico, do ex-síndico, do que tem vontade de ser síndico, e nada. Gritei ao panicado que se acalmasse, fechasse a porta como deve ser, se acalmasse, esperasse que eu puxasse o elevador, se acalmasse e o zingarelho lá cedeu à minha sabedoria. O homem esteve lá cinco ou seis minutos, mas foi o suficiente para sair de lá histérico. E isto deu-me que pensar:

De facto. Eu não tenho medo de elevadores. Em miúda fiquei presa tantas vezes, gritei tanto dentro de elevadores, chorei tanto dentro de elevadores que, olha, sequei. Agora é para o lado que durmo melhor. Se calhar é este o remédio para perder o pânico aos aviões. Tenho que andar de avião e cair várias vezes na vida, até deixar de ter medo que o avião caia.

Sem comentários:

Enviar um comentário