... a primeira medida governativa que tomava era mandar banir as palavras "inclusive" e "exclusive". Para além de latinácios que nunca deixaram de pertencer à língua morta, por mais que se lhes acentue a última vogal, é à morta que pertencem, pelo que mortas devem permanecer. Não deve haver dois termos mais geradores de confusão do que estes dois. Está-se a determinar um período de tempo - de 4 a 10 de Abril, por exemplo - e lá vem a estúpida pergunta, embora sacramental: "Mas 10 é inclusivé?". Palavra de honra, o que é que eu disse? Disse "de 4 a 10". Até 10. O que é que se responde? "Não, é 4 a 10, exclusivé o 11, inclusivé o 10, mas o 4 também é inclusivé, o 3 é que é exclusivé, ou ainda não estás suficientemente baralhado?"
No meu exemplo - 4 a 10. Percebe-se o lapso de tempo? Percebe-se que são sete dias? O inclusive e o exclusive não fazem falta nenhuma, inclusive porque baralham, exclusive porque ainda são responsáveis por um erro muito giro da retórica humana, que é o de aplicar um em vez do outro: "Eu não tenho o direito de pagar [quando se trata de um dever] aquele dinheiro ao condomínio, exclusivamente [lá está] tenho sido uma condónima [oops] exemplar" [só no discurso é que te falha qualquer coisa de somenos importância].
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