17/05/2013

Estou a ponderar seriamente

pedir - ou exigir, tudo vai depender da mula que tiver amarrado nesse dia - um subsídio para cobrir (hu-hu!) danos no local onde sou escravizada. Estou quase a perder a conta à quantidade de coisas que já estraguei desde que fui admitida ao serviço pela primeira vez. Por ordem, a ver se me lembro de todas: ainda nem teria um mês de labuta e já me falecia nas mãos o computador do capataz, se é que me entendem. Parecia uma Desdémona: nem avisou, nem crashou, nem bloqueou. Foi-se com os porcos. Depois posso mesmo afirmar que lhe fodi (ao capataz) o estore. Não sei que toque dei no cordel que aquilo despencou-se e não mais se ergueu. A seguir lixei um ar condicionado, que passou a pingar água no Verão - o que, se não se tratasse de água quente, até seria uma bênção dos céuzinhos em alguns dias de maior calidez. Um outro estore foi o que se seguiu. Esse houve quem o tivesse reparado por mim, com várias voltas de fita adesiva. Depois escavaquei o rádio das outras - parti-o em várias peças, que foi para não restarem dúvidas de que o método da fita adesiva não recupera todas as minhas investidas. Voltei a dar cabo do estore que estava colado com fita mas, nessa altura, quem o consertou fui eu. Ainda hoje olho com alguma desconfiança para o resultado desse meu arranjo. Parece um amor de Verão. Não sei se será para durar. Também parti a cafeteira da máquina do chá. Tiveram que comprar uma máquina nova, pois o preço de uma cafeteira nova quase equivalia. O que eu acho é que só se compra material ordinário nesta senzala. Nada disto me acontece em casa. Portanto, eu mereço o subsídio.

(Ratos, teclados, puxadores de armários, uma ou outra peça de loiça não contam, pois não? São minudências)

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