pedir - ou exigir, tudo vai depender da mula que tiver amarrado nesse dia - um subsídio para cobrir (hu-hu!) danos no local onde sou escravizada. Estou quase a perder a conta à quantidade de coisas que já estraguei desde que fui admitida ao serviço pela primeira vez. Por ordem, a ver se me lembro de todas: ainda nem teria um mês de labuta e já me falecia nas mãos o computador do capataz, se é que me entendem. Parecia uma Desdémona: nem avisou, nem crashou, nem bloqueou. Foi-se com os porcos. Depois posso mesmo afirmar que lhe fodi (ao capataz) o estore. Não sei que toque dei no cordel que aquilo despencou-se e não mais se ergueu. A seguir lixei um ar condicionado, que passou a pingar água no Verão - o que, se não se tratasse de água quente, até seria uma bênção dos céuzinhos em alguns dias de maior calidez. Um outro estore foi o que se seguiu. Esse houve quem o tivesse reparado por mim, com várias voltas de fita adesiva. Depois escavaquei o rádio das outras - parti-o em várias peças, que foi para não restarem dúvidas de que o método da fita adesiva não recupera todas as minhas investidas. Voltei a dar cabo do estore que estava colado com fita mas, nessa altura, quem o consertou fui eu. Ainda hoje olho com alguma desconfiança para o resultado desse meu arranjo. Parece um amor de Verão. Não sei se será para durar. Também parti a cafeteira da máquina do chá. Tiveram que comprar uma máquina nova, pois o preço de uma cafeteira nova quase equivalia. O que eu acho é que só se compra material ordinário nesta senzala. Nada disto me acontece em casa. Portanto, eu mereço o subsídio.
(Ratos, teclados, puxadores de armários, uma ou outra peça de loiça não contam, pois não? São minudências)
(Ratos, teclados, puxadores de armários, uma ou outra peça de loiça não contam, pois não? São minudências)
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