20/07/2021

Fui tomar um banho de loja

E comprei exactamente zero peças, ou seja, regressei sem banho. Suja.

Acontece que, no presente momento, tornou-se comum termos que esperar minutos preciosos à porta de cada loja de trapos. Imagine-se, para uma impaciente como aqui a pessoa humana, estar sete minutos numa fila e depois uns míseros dois lá dentro, o que não representa de suplício procurar algo para vestir de que, já não digo adore, mas, pelo menos, goste um nico. A própria espera, com relances para o interior do estabelecimento comercial, a confirmar que não vale a pena ficar para me sujeitar a mais uma desilusão, é o suficiente para que me demova de ir, antes mesmo de sair na demanda. Esta que relato foi, talvez, a terceira em que me autodeterminei a ir, não por considerar que já não tenho nada para vestir — típico de femedo —, mas sim porque sim — também típico. 

Queria um vestido, liso ou de flores, mas também podia ser às riscas, pintas, bolas, mas bolas, nada. Um vestido, para mim, ou é acima ou é abaixo do joelho, mas, em sendo comprido, tem que ser estreito, tal como a regra "se destapares em cima, tapa em baixo e vice-versa". Não concebo um vestido até aos pés e largo, pois isto não é o Médio Oriente, embora este ano pareça: os vestidos têm tanto pano, que eram capazes de, em havendo, servirem para levar para um festival de Verão, tipo para o relento. (Não vou explicar a piada.) E, no final da estação, era serem oferecidos à Força Aérea. (Idem.) Ou seja, e porque já cá ando há uns quantos Verões, ocorreu-me que aquelas barracas deixarão de se usar para o ano, e depois são capazes de entupir os contentores de roupa usada, pelo que não adquiri nenhum. Na verdade, também não aprecio a ideia de meter o corpo todo num espaço fechado e só deixar a cabeça de fora, ainda me perdia lá dentro, ou perdia a cabeça. 

Porém, verifiquei que também está muito na moda o extremo contraponto da burka — ou indumentária amish, se preferirem —, que é o micro-vestido, com decote panorâmico e mangas de balão de ar quente. Ou hélio? Por acaso, não experimentei amarfanhar nenhuma, mas acredito que apitem, caso desinsuflem. A graça toda desta moda é que os ditos vestidos são feitos em viscose, fibra, aquele tecido meio plastificado — penso que tudo em nome da armação da manga —, que, vocês não sei, mas eu, que sou moura, é vestir uma peça nesses materiais, e aí o quê?, o mais tardar, ao meio-dia, ninguém pode estar perto de mim, que me apodreci toda. 

E depois, este meu sentido (auto)crítico... Entre pensamentos de "este não, que me faz gorda", "este não, que me faz velha", "este não, que me faz parola", "este não, que me faz ridícula", "este não, que vou ficar A mulher de Chelas" (tudo culpa dos trapos, hã?), regressei ao lar, agastada e exangue.


4 comentários:

  1. Ahahahah
    Também eu, este ano, me vou ficar pelas calças e camisas ou túnicas de outros anos. Não estou disposta a comprar tendas a que tendem a chanar de vestidos.

    Feliz tarde :)

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    1. São gigantescas! Dá para comprar um "vestido", mandar cortar e dois e vender uma das partes no OLX :D

      Um dia feliz, noname :)

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  2. Olha,veu tenho 3 tendas. Ups! 3 vestidos a direito.
    Estou excomungada? 😇

    Beijocas, azulinha!

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    1. Proscrita, Mary, sobretudo porque isso significa que tens roupeiro para as tendas (refiro-me ao plano vertical. Até nas lojas estão a roçar pelo chão :))
      Não, a sério: devem ser lindos, porque há padrões maravilhosos. Eu é que sou uma trapalhona, ia certamente entalar o lençol na porta do carro e tropeçar nele a cada dez passos :D

      Beijocas, querida.

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