09/07/2020

Milu

Milu chegou às nossas vidas há quatro dias, e já no-las revolucionou de alto a baixo e de ponta a ponta. Na verdade, chegou no dia em que nasceu, pois da casa onde se deu o grande evento que foi a pequena coisa ver a luz, recebemos notícias e reportagem fotográfica com a frequência provável com que se processam todas as adopções felizes. Assim, veio da Figueira da Foz, sob um calor abrasador, e recebi-a com os meus enormes braços, que creio ainda terem crescido em comprimento naquele momento, tamanha é a pequenez da figurinha. Tem basicamente o comprimento de uma embalagem de champô. O nome já lhe foi posto algumas horas depois de se ter tornado residente cá do lar, mas até calhou bem começar por M, como são os de todas as fêmeas desta barraca, felídeas incluídas. (Lembro que, e por ordem cronológica, Mia - minha saudade querida -, Mel - ainda hoje dói de tanto que falta -, Molly, meu terror, minha boneca.) Ainda alvitrei Chica (Maria Francisca nas horas de mau comportamento), Benta (porque tem uma risca ao meio à Paulo Bento), Belém (por ter um olho à Belenenses), mas isto parece que é uma democracia musculada em que eu basicamente não mando nada, e Milu venceu, o que dá um jeito atroz para quando tiver que lhe ralhar, faço um nico de catarse e tudo, vai de Maria de Lurdes, que era o nome da minha professora primária, da qual, ao contrário de todos os (ex) meninos que conheço, que adoraram de paixão a sua primeira professora, o que também acontecia com os outros meninos da turma, eu sinceramente desgostava da senhora, que Deus tenha lá em descanso por muitos anos e bons, sem mim e sem os meus. Mas olhem, eu devia ser torta, ainda passei o primeiro período quase todo com cinco anos, a megera era uma anciã com voz tabaqueira e sinais pretos na cara, deve ter-me dado o medo (por na época ainda acreditar em bruxas, sei lá), ainda hoje me arrepio de me lembrar, mesmo agora, ao escrever estas linhas, toda eu sou fremências e tremeliques, o que é certo é que quando pulei para o liceu ela nunca mais me viu nem os dentes nem sequer a cor dos olhos nem nada. Fui, Marilu. (Ela também não gostava de mim, demasiado pequena, demasiado tímida, demasiado etérea lá para os vagares das dinâmicas do movimento da Escola Moderna.)
Mas pronto, venho hoje aqui apresentar Dona Milu, Maria de Lurdes nas horas de tropelia. 


20 comentários:

  1. Muito gosto Milu. Não esqueças de mimar a Dona, porque a recíproca será pronta. :-)

    Boa tarde

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    1. (Após dois pinotezinhos e um pequeno esbracejar sobre as patas de trás)
      Farei os possíveis, mas a mulher é chata como a potassa, não me larga, aos beijos :)

      Boa noite

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  2. Coisa fofa!

    Beijocas, Azulinha

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    1. É mesmo, Maria, e parece ser tranquila.

      Beijinhos, Poesia :)

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  3. Oh, que doçura! A Milu é encantadora! Que se estimem muito, porque é mesmo esse o sentido dos animais de estimação. :)

    P.S.: eu também não suportava a minha professora da primária. Chamava-se Avelina, mas, entredentes, eu tratava-a por vaselina. O pior é que o suplício não terminou com a entrada num novo ciclo escolar. Ela e a minha mãe eram amicíssimas, e eu era coagida a beijá-la sempre que nos cruzávamos na rua. Mas, enfim, sobrevivi… :)

    Beijinhos, Linda, e festinhas para a Miluzinha

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    1. Gosto tanto dela, ela tem que me corresponder, é quase obrigatório, Miss Smile :)

      Nunca percebi como é que os outros miúdos continuaram a ir visitar a bruxa, eu libertei-me no dia em que fiz o exame da 4ª classe e nunca mais lá voltei. Ela oprimia-me, diminuía-me, acho que às tantas era uma implicação recíproca. Também era uma pessoa cheia de problemas pessoais (viúva e mãe de um filho com deficiência mental), deve ter apanhado terreno mole em mim, descarregava frustrações e eu tinha zero preparação e idade (e, convenhamos, obrigação) para entender e desculpar. Nem quero imaginar ter que a cumprimentar com frequência, se calhar não teria sobrevivido! :)

      Obrigada, minha querida, beijinhos para si e um ronrom da pequena, que parece ter vindo com um ronronómetro incorporado

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  4. Muito prazer em conhecer-te :)

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    1. O prazer é meu, Ana :)

      (Vou ser meiga e calminha, até mesmo para que a Molly não se enerve...)

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  5. Ohhhhh! É tão bom ter um gato pequenino! Muitas felicidades para a Milu. Tenho que lhe arranjar um petit nom. Maria de Lurdes não me parece apropriado para um ser tão pequenino e mimoso.

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    1. Tão bom, Ana, tenho tanta pena que esta fase passe a correr! Ela é tão mansinha, mas tão viva! :)
      Não me parece que venha a ter muitas oportunidades de lhe chamar Maria de Lurdes :)

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    2. E a Sra. D. Molly, como recebeu Milu la Petite?

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    3. Para já, ainda as temos separadas (recomendação da vet). Mas, nas aproximações que tentámos, Sra. D. Molly acabou por rosnar ao fim de uns minutos e Milu la Petite (adoro) rosnou e bufou, alguém acredita? A coisinha não se manca e menos ainda percebe a desvantagem em que se encontra. São 700 gramas contra sei lá, 5 quilos, ou mais! :D

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    4. Vão se habituar. É uma questão de tempo

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    5. Espero bem, Ana. O meu maior medo é que a pequenina sofra uma dentada fatal, mas eu também faço sempre os filmes mais terríveis com tudo

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    6. Não sofre. O mais que lhe vai acontecer são rosnadelas e patadas.

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    7. Tenho que ganhar esse calo, parece que é o primeiro bebé com uma gata maior que tenho em casa...

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  6. Oh que linda Por aqui há uma Maria Francisca de 10 meses, que esteve mesmo mesmo para ser Mel... E claro que é sempre Chica ou Cisca ou Chiquinha: Felicidades para a Milu

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    1. Que coincidência com os nomes :)
      Elas são sempre lindas, mas o primeiro ano é delicioso!
      Obrigada, felicidades também para a Chica :)

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  7. Que fofura! :)
    Eu tenho uma Mia que adooooro!
    Dias felizes ;)

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    1. São tão companheiras e tão independentes. Tão, tão queridas :)
      Igualmente :)

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