12/09/2018

Eu sou aquela pessoa que nunca, em circunstância alguma, deves levar ao supermercado # 58

Atravancado que está o espaço dos supermercados com as vendas para o regresso às aulas, naquela que é a época pré-Natal destas superfícies, deparo-me com coisas assim:


Isto é giro, especialmente tendo em conta que a média nacional, ao nível do Português dos portugueses, ao fim e ao cabo de doze anos de escolaridade (doze dos dezassete que têm de vida, mais de 70% dela!), está em 11 valores na escala de 20. É certo que se uns obtiveram 12 (oh, extravagância!), outros obtiveram 9. É assim que funciona a estatística. Ou seja, para uns terem 18, outros tantos tiveram que ter 3. 
E depois, vem o pessoal da venda de material escolar — onde se incluem livros, manuais, enfim, papéis cheios de letras — incentivar à compra, e, quem sabe se também (na loucura), ao estudo, através desta linguagem periférica, na convicção de que só esta os nossos miúdos são capazes de perceber, e, naquela psicologia de pacotilha lá dos marketings, "só assim conseguimos chegar-lhes".

[Vá lá, eu sei que "bué" já entrou no nosso dicionário há muitos anos, embora devesse considerar-se um estrangeirismo — origem Angola ou São Tomé —, mas e quanto ao resto? Mano, cena, brutal, fixe...?]
[Ó pá, fónix!]

2 comentários:

  1. Para ser precisa, não é preciso ter 3 para outro ter 18 e a média ser 11. Depende da distribuição das notas, a variância, outliers, e claro, se parte da escala está truncada ;)

    Aparte disso, toda essa linguagem para cativar pessoas de niveis e idades inferiores soa bem "fatela"

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Claro que não. É a velha regra da estatística, "se a minha vizinha comer duas galinhas e eu não comer nenhuma, estatisticamente cada uma de nós comeu uma galinha". No final, para dar 11, e se houve 18s, alguém levou 3...

      A nossa língua está muito mal tratada.

      Eliminar