Esteve uns dias numa casa de praia com os amigos, uma dessas casas que são óptimas, longe dos pais, longíssimo da praia, perto da diversão e da liberdade total. E são baratas, mesmo até porque, invariavelmente, têm baratas.
Então, a contar-me que passou por eles um desses bichos, que causou o apocalipse, o caos, o pânico dentro da casa infestada. Ele, chamado a intervir — uma vez que não reagiu de forma tão enfática à presença do animal —, simplesmente pôs a barata fora de casa, com um único chuto para longe, expulsa do lar por indecente, má figura, ou apenas salvação.
- Não a matei, pu-la fora.
- Fizeste bem, poupaste-lhe a vida. Foi ser feliz para outro lado.
(Já não era capaz de tirar a vida a nada desde que fui mãe, agora que perdi a minha piorei. Não sei ensinar nada de útil nesse campo.) (Aliás, julgo que conheço todos os truques de salvamento e poupança de vida de qualquer tipo de animal.) (Sim, apago a luz e acendo a de fora para fazer sair uma mosca.) (E um mosquito também.)
Os olhos dele — enormes e meus —, nos meus, suspensos naquele breve instante, como também os meus ficam, flutuando entre um raciocínio lógico e uma emoção inesperada.
- Mas não foi para não a matar que a pus fora.
(Claro, filho.)
- Só não me apeteceu matá-la.
(Claro, filho.)
(E eu sei tão bem o que é a vida quando se está a dias de fazer dezoito anos.)
Revi-me, a mim e à minha cria, neste post. Eu sou incapaz de matar o que quer que seja e o meu rapaz com 12 anos ainda fresquinhos já demonstra o mesmo respeito pela vida animal, Deus o (nos) preserve assim :))))
ResponderEliminarTambém eu :)
EliminarDou voltas e reviravoltas, abro janelas, meto papelinhos debaixo dos insectos, rasgo bocadinhos de alface para libertar lesmas (com cama e alimento), uso copos nos vidros para arrastar insectos encandeados que não encontram a saída, sei lá que truques mais. Mas matar, não.
Quarentona, o equilíbrio do ecossistema seria uma realidade, com pessoas como nós :)
Ontem à noite matei uma melga...
ResponderEliminarAs melgas são a minha excepção a todas as regras, Ana. Entre me darem cabo de uma noite, a morderem-me e a zumbirem-me aos ouvidos, e ter que silenciá-las, prefiro a segunda. Não existe método para pôr fora um animal que se atrai não pela luz, mas pelo sangue. (Um bife na janela? :)
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