11/09/2017

Fui comer e trataram-me como uma menina

Outro dia fui jantar.
Calhou-me na rifa e pelo caminho a Hamburgueria Barrosã, que tem só os melhores hambúrgueres desta cidade e um serviço de excelência. 
(E não, ninguém me paga para isto.)
Os senhores que servem à mesa sabem servir à mesa, o que já não acontece — e repito antes de dizer — em lado nenhum. Desde indicarem a mesa, apontando discretamente para a cadeira onde eu me "deveria" sentar (em primeiro lugar, visto que era a única senhora), que é, como sabem, a cadeira que fica virada de frente para a porta, até terem o meu guardanapo em forma de flor (e o dele de barco), passando por me perguntarem o pedido em primeiro, até me servirem também primeiro, acabando no facto de a chávena do meu café ser cor-de-rosa, olhem, senti-me uma princesa, uma rainha, uma menina, uma mulher, uma senhora, enfim. 


E a carne é absolutamente deliciosa, confeccionada com primor, acabada com preocupação pelo cliente. A pergunta "Bem, médio ou mal passado?", com resposta "Pode vir quase cru", foi respeitada ao rigor, e lá dei uma de primitiva, que, vá-se lá perceber porquê, se a carne vier em sangue até me sabe melhor. Se dependesse de mim, nunca teríamos chegado sequer ao Paleolítico. E também admito não ser grande coisa como crítica gastronómica, pois basta estar com fome para que qualquer sola de sapato barrada a Tulicreme me pareça uma iguaria. Àquela pergunta "Se só pudesses comer uma coisa para o resto da tua vida, o que é que escolhias?", fico sempre a titubear hesitações, "caju", "amendoins", "leitão da Mealhada", "uvas pretas", "dióspiros", e não saímos disto. 
Mas esta carne, apesar de eu adorar vegetariano e peixe, e tudo — na verdade, não há nada de que não goste, excepção feita a fígados, sobretudo maus fígados, mas lá está, até isso, barrado a Tulicreme... —, é a carninha da minha infância, aquela a que minhas papilas se acostumaram, e não há como os sabores da dita. (Eu sou daquela geração do bife de vaca com batatas fritas e ovo a cavalo, e há coisas que nunca mudam.) Deliciosa (já disse?). 
(Ai, já ia outra vez.)

Não é suposto serem fotografias de alta qualidade. Eu não sou fotógrafa. Deixem-me.

6 comentários:

  1. Nesta altura (parva) que corre, este texto é perigoso... Ainda vem alguém comentar que o guardanapo dobrado em forma de flor, é mais fácil de abrir do que o guardanapo em forma de barco...



    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Isso é uma perversão? :D
      Eu até achei que ia derivar para o "assunto" da ordem do dia :)

      Eliminar
  2. Por acaso carne mal passada é algo q não me consegue assitir.
    Mas tem bom ar isso ;)

    ResponderEliminar
  3. Fica tão perto de mim, ando há meses querer experimentar e ainda não fui lá. Espero que seja desta! :)

    ResponderEliminar