09/04/2017

A hierarquia da ciclovia

Agora que frequento uma ínfima parcela do que é uma ciclovia, apercebo-me de realidades. Aquele tapete vermelho foi feito a pensar nos ciclistas.
Pronto, hoje acordei assim, reencarnada em LP. La-Pa-lis-se.
Acontece que aos ciclistas assiste uma soberania sobre a cena, que dá o que pensar a pessoas como eu, que se limitam a calcorreá-la como se daquela de Los Angeles se tratasse, com a única diferença de que não vamos burlescamente despidas nem perigosamente calçadas.
Já me havia dado conta de que os ciclistas mal toleram os corredores que, convenhamos, dentro das cidades simplesmente não têm onde praticar a sua actividade se não for ali. Ou alguém acha possível que se possa correr convenientemente na calçada portuguesa, que é um desafio para os saltos altos tornozelos? Com pessoas com vários ritmos, idades e credos, carros estacionados, empata-[preencham vocês] e lesmas a passar a todo o momento? 
Ele não são todos, mas há muito quem se escarranche na bicla, se coloque na ciclovia, e se adone dela como se, de facto, ela fosse um exclusivo qualquer, lavrado no cartório da sua imaginação. E é, não deixando de ser, sim senhores. De si e de todos os companheiros de pista, desde que alçados sobre duas rodas que não tenham motor acoplado. No entanto, a atitude de enfado, a impaciência e até repulsa que alguns manifestam por quem mais ocupa um cantinho da pista (parecendo que enfrentam multidões!), fazendo alguns questão de praticar o quase-cicloatropelamento (crime que inventaram e que há-de chegar ao Código Penal, so help us God), é que é de assinalar e louvar. 
Com isto, nasceu também, de parto natural, a soberania dos corredores sobre os caminhantes. Ora bem, mas foram eles que me incentivaram a mim, e a tantos como eu, a começar a correr dar uns sprints umas corridinhas! Vejo passar um, e, se é dos tais que me ultrapassa já danado (porque posso estar a obrigá-lo a contornar a minha imensa figura e a perder um cagagésimo de segundo lá na m. da aplicação dele), já só me apetece correr atrás, alcançá-lo, ultrapassá-lo e travar de repente, catrapum.  
Pronto, tudo isto, no fundo, se resume a um boneco.


4 comentários:

  1. Anónimo9/4/17

    LP La-Pa-lis-se, :) Os ciclistas têm a mania, mas os da corrida idem. "Eu é que corro".
    Há pessoas assim, pessoas "Eu, eu, eu...ego" todavia, outros há que não são nada assim, sejamos justas, mas há dias em que me canso de pessoas e adorava ir para um local só meu OU meu e dos meus OU meu, dos meus e dos simpáticos descomplicados.
    Há dias em que me cansa a carneirada, e respiro Natureza.
    Há dias em que queria caminhar ou tentar correr sem levar com multidões. A cópia, da cópia, todos iguais...
    Há dias!

    Isto a propósito do que referes, a hierarquia da ciclovia.
    Beijinho LB :), bom Domingo. Fui caminhar pela manhã para poder respirar à vontade e apreciar a paisagem sem ser atropelada por gente apressada, stressada e formatada. Há dias... :)

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    1. Eu também :)
      Chateia-me a competição intrínseca, o acelerar quando surge alguém no firmamento, o "vou chegar primeiro!" (aonde, já agora?), o "não me passas à frente!" (não? E quantos mais tens à frente?), que também se dá muito ao volante.
      Talvez todos nós tenhamos dias de ilha deserta (ou "alma vaga"). E outros em que nos é indiferente, e fazer parte da multidão até é bom: camufla-nos, identifica-nos, inclui-nos.
      É como dizes: há dias... :)

      É a melhor hora para o fazer :)
      Bom domingo :)
      Beijinho

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  2. Eu caminho apressadamente numa via própria onde também passam ciclistas e corredores. Nenhuns me incomodam!

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    1. A mim também não. Eu é que os incomodo!

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