fazer uma compra e ter que pagar a embalagem/ saco/ envelope (caso dos da farmácia), mesmo que de papel, ou melhor, na hipótese de os trazer comigo, ter que esse coisinho fazer parte da minha conta, "porque eles agora exigem". Por eles entenda-se a boa da ASAE.
Até parece que as embalagens não fizeram sempre parte do preço dos artigos. Só quem não faz compras regularmente é que não sabe que uma lata de salsichas custa menos do que um frasco cheio delas com o mesmo peso. E que, por exemplo, se a compra for de uma peça de roupa, a porra do saco já estava mais que incluída no preço da compra. Não será uma ingenuidade acharmos que o retalhista paga as embalagens que fornece, e não é sobre a cabeça do consumidor final que rebenta sempre a bomboka?
Ou seja, agora pagamos o saco duas vezes: uma, no preço do artigo, a outra sobre a conta final. Parecem os idos tempos em que eclodiu o IVA, e em que chegávamos ao balcão e nos acrescentavam o valor do imposto. E até sabíamos que esse valor já estava contemplado no preço final, só que o acrescentavam de novo aquando do pagamento. Ou seja, pagávamos (X + 23%) + 23%.
Assim como agora pagamos (X — sendo que X = dobro do preço que o comerciante pagou ao fabricante — + 23% + € 0,5) + 23% + € 0,5. Uma merda cujo "valor" começou em 5, é vendida por 10 + 2,3 + 2,3 + 0,5 + 0,5, ou seja, por 15,6.
(Aquela indelével e insondável sensação de que este raciocínio pode estar inquinado.)
Gatunos.
Hoje comprei uma peça de roupa. A funcionária — que já estava azeda comigo desde que entrei na loja, oh, karma! — perguntou-me se era para oferta, disse-lhe que sim, então questionou se queria um saco,
Não, se tiver que o pagar. Qual é a alternativa que tenho?
Uma caixa. São 35 cêntimos.
E que alternativa tenho eu, se não quiser pagar a caixa?
Temos sacos por 25 cêntimos e sacos por 50 cêntimos.
E, caso não queira levar nenhum dos três, levo a camisa debaixo do braço?
[Sobrancelhas olimpicamente elevadas até à raiz do cabelo.]
Saí da loja com a caixa na mão. Como se a loja não tivesse todo o interesse em que eu andasse pelo shopping a pavonear a marca. Deviam pagar-me para isso, isso sim.
O senhor da farmácia contou-me que os sacos/ envelopes que distribuem pelos clientes com os medicamentos/ cremes/ chuchas e outros artigos de diversão, lhes são oferecidos, mas têm que, obrigatoriamente, por lei, cobrar um cêntimo por cada um. Por uma questão de princípio, saí de lá com a escova de dentes e as hormonas na mão, pois não cabiam na minúscula malinha que agora uso.
(Para combater o desperdício, dizem eles. Qual desperdício, se até a medida de proibir os sacos de plástico, que havia de ter entrado em vigor no dia 1 de Julho já ficou em stand by?)